Sempre que vou ler uma história do Capitão América me preparo para diálogos típicos de Tarantino (mais extensos que o necessário) e vilões um tanto quanto estereotipados. Poucos arcos do personagem conseguem escapar desse padrão, fazendo suas histórias terem, em geral, um ritmo de leitura mais arrastado. Mesmo suas aventuras mais aclamadas mantêm essa característica, mas nada que seja capaz de desanimar um fã do personagem.
Ao começar a ler este novo encadernado, me surpreendi com a fluidez da leitura e ao terminar o primeiro capítulo, vi que o roteirista era nada mais nada menos que o Mark Waid (sim, eu comprei na empolgação e nem tinha reparado nesse pequeno detalhe), autor da elogiadíssima e já clássica fase do Demolidor em que o advogado cegueta finalmente consegue se tornar novamente algo além de um saco de pancadas de roteiristas desanimados com a vida.
Pois bem, Waid e Chris Samnee se juntam novamente para nossa alegria e o resultado não poderia ser diferente. Seu arco começa de forma despretensiosa, com um pequeno flashback do passado do herói, contando novamente sua origem e em seguida acrescentando sua visita a uma pequena cidade no Nebraska, Steve Rogers percorre os EUA com sua motocicleta custom aparentemente atrás de novos ares e talvez até de redenção dos atos de seu sósia maligno.* Quando o bandeiroso chega na cidade anos após sua primeira visita, é surpreendido pela receptividade dos moradores, que mesmo depois de “seus” atos recentes o receberam de braços abertos. Porém, é claro que alguns vilões eram necessários para acrescentar um conflito. Afinal, acho que ninguém leria um quadrinho onde um loirão apenas anda com sua moto pela estrada. Até o terceiro capítulo a impressão que dá é que serão histórias de um capítulo sem muita ligação entre si, mas as coisas se complicam um pouco quando um vilão vindo diretamente das páginas do Homem-Aranha dá as caras e envolve Steve Rogers em uma trama divertida envolvendo congelamentos e viagens no tempo como toda boa história do herói.
O roteirista consegue manter o interesse do leitor mesmo nas partes em que a história parece caminhar para clichês preguiçosos. A dupla Waid e Samnee conseguiu novamente criar uma narrativa divertida e interessante para um personagem com histórias já desgastadas. O final do arco fica em cima do muro na dúvida entre finalizar a trama ou criar uma ponte para um novo arco. Agora resta apenas esperar a segunda parte e matar a curiosidade.
*Claro que você leu a megassaga Império Secreto, Né? Aquela onde o Capitão se revela um agente da hidra, que na verdade era uma duplicata, que na verdade foi criado por um cubo cósmico, que na verdade era uma pessoa chamada Kobik, que na verdade não conseguiu concretizar seus planos de dominação mundial, pois o Capitão América de verdade estava preso numa outra dimensão… Cá entre nós, essa fase nunca deveria ter existido, pois apesar de não ter sido ruim só serviu para enfiar retcon em cima de retcon, fazendo a cabeça dos fãs ficar completamente confusa. Enfim, eu disse que era confuso. Pra entender essa confusão é melhor procurar a saga Império Secreto para ler.
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