CONTOS DA ZONA: Cancro Cósmico.

<Extraído dos Registros Pluriplanetários, volume 75Ѭ426Æ5 ² >

Existe uma espécie de criaturas…. surgidas há muito tempo, quando o próprio universo era ainda uma criança. Assim como outras espécies, eles desenvolveram sua civilização, com suas próprias características e particularidades. Assim como outras espécies, eles buscaram o progresso. Mas havia… algo errado com essas criaturas. Eram inquietas demais. Instáveis demais. Agressivas demais. E, depois de algum tempo, se tornaram perigosas demais. Essa espécie em particular possuía um dom bastante raro, mesmo para este universo tão vasto: Elas tinham a capacidade de criar qualquer coisa que pudessem imaginar. Absolutamente qualquer coisa que conseguissem conceber em suas mentes. Tudo era engendrado, construído, plasmado, trazido à realidade por suas mentes, mãos e ferramentas.

E assim muitas coisas eles conceberam. E houve horror e sofrimento por toda a imensidão do Cosmos, pois milhões de povos sofreram e pereceram pelos caprichos destes seres egoístas e defeituosos. Logo, civilizações inteiras se uniram para conter este agressivo câncer que se alastrava por todo o Universo. Tanto para preservar a espécie agressora quanto para proteger todas as outras espécies nobres do Cosmos, com muito pesar, fomos forçados a retaliar. E com pesar em nossos corações, nós os dizimamos. Em um ato de benevolência, reduzimos drasticamente seus números. Modificamos seus genes, encurtando seu tempo de vida. Os contivemos como as pragas que são. Mas ainda não era o suficiente. Sem memória, despidos de suas histórias e de todo o conhecimento perigoso que desenvolveram ao longo de milhares de milênios, por fim nós os isolamos em um pequeno planeta no braço inferior esquerdo de uma galáxia menor em um quadrante esquecido do universo, um lugar onde eles estão sozinhos e não podem fazer mal a ninguém além deles mesmos. Eles habitam lá até hoje, agora empenhados em despejar sua virulência uns contra os outros, criando perversos sistemas políticos de desigualdade brutal e ilusões baseadas em êxtases divinos pervertidos, que potencializam seu outrora reduzido potencial para o mal, além de cultivarem muitas afecções e patologias, tanto do corpo quanto da alma. Vivem uma existência de distorção pois não sabem ser diferentes disto.

Não, eles não estão prontos para a convivência com seus irmãos na Criação. Provavelmente nunca estarão. São perigosos demais. Os manteremos atrasados e isolados por toda a eternidade. Esta foi a única alternativa para não cometermos o pecado de extinguir por completo uma espécie inteligente. Mesmo que seus intelectos pendam para a malignidade. Mesmo que tenhamos consciência de que eles não seriam tão misericordiosos se estivessem em nosso lugar. Que continuem exercendo seu poderoso e perigoso dom longe das outras crianças da Criação. Deixem-nos nas trevas e no retrocesso pois, pelo menos assim não espalharão essas trevas pelo Cosmos. Eles já foram chamados de milhares de nomes ao longo das eras e do Universo. Hoje são conhecidos como… ‘Humanos”.

Eduardo Cruz (@eduardo_cruz80)

Contos da Zona são histórias escritas pelos membros da Zona Negativa, com o objetivo de expandirem a produção de conteúdo para além das resenhas. Assim sendo, esperamos proporcionar boas experiências de leituras e reflexões. Deixe seu comentário 🙂

Eduardo Cruz
Eduardo Cruz é um dos Grandes Antigos da Zona Negativa, ou sejE, um dos membros fundadores, e decidiu criar o blog após uma experiência de quase-vida pela qual passou após se intoxicar com 72 tabletes de vitamina C. Depois disso, desenvolveu a capacidade de ficar até 30 segundos sem respirar debaixo d’água, mas não se gaba disso por aí.

Ele também tem uma superstição relacionada a copos de cerveja cheios e precisa esvaziá-los imediatamente, sofre de crises nervosas por causa da pilha de leitura que só vem aumentando e é um gamer extremamente fiel: Joga os mesmos games de Left For Dead e Call of Duty há quase 4 anos ininterruptos.

Eduardo Cruz vem em dois modos: Boladão de Amor® e Full Pistola®.

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