Leitura da Quarentena #40: JÚLIA – AVENTURAS DE UMA CRIMINÓLOGA 9 E 10

Aqui temos mais dois volumes de Júlia que, juntos, contam uma só história. O Nº 9 começa com um estranho acontecimento decorrente de escavações subterrâneas que culmina com o desmoronamento de uma parte de um museu, revelando um esqueleto há muito enterrado. A família influente na cidade e dona do museu tem interesse em que seus nomes não sejam implicados em envolvimentos ilícitos e contrata Júlia para solucionar o caso, ao passo que a polícia também é acionada, dado o envolvimento com essa importante família. Então temos duas linhas de investigação em andamento. Júlia a princípio é chamada para trabalhar nas duas linhas de investigação, e isso traz um dilema moral: a quem Júlia responde, seus contratantes particulares ou a procuradoria pública? Mas esse é um problema que fica em segundo plano. A história desse 1º volume é um amontoado de investigações difíceis que quase sempre terminam em nada, pois é um caso difícil de resolver. Curiosamente os contratantes de Júlia concordam em desistir da investigação, mas um dos quatro membros da família (mais especificamente o pai) contata Júlia em segredo e diz para ela continuar a investigação afim de solucionar esse mistério. Júlia contrata um reconstrutor facial para remontar o fisionomia do crânio encontrado. Curiosamente, o rosto revelado parece ser de um membro dessa família rica morto há muito tempo no Vietnã. Misteriosamente a investigação de Júlia está sendo sabotada por profissionais que têm a missão de fazer queima de arquivo em quem xeretar demais. Há algo de podre no ar, mas neste momento somos levados a crer em uma conspiração militar.

O ESQUELETO
DETALHES DE COMO SE DÁ A MINUCIOSA RECONSTRUÇÃO FACIAL A PARTIR DE UM CRÂNIO. PÁG. 92
PÁG. 93
PÁG. 94
O ROSTO RECONSTRUÍDO

A décima edição traz reviravoltas na trama. Após quase morrer em um atentado, Júlia começa a investigar o passado do esqueleto, um membro dessa família de ricaços que abandonou sua riqueza para viver a vida real no Vietnã. Ao que tudo indica, os membros dessa família o davam como morto 10 anos antes da morte do esqueleto encontrado no subsolo do museu. Júlia começa a investigar ex-combatentes de guerra que tiveram contato com o morto, mas no encalço dela e do Léo, seu fiel amigo (pau pra toda obra), eles estão sendo perseguidos e correndo perigo sem saber. Alguém está disposto a silenciá-los para que a verdade não venha à tona. Contudo Júlia acaba descobrindo que o rapaz não morreu no Vietnã e que viveu uma vida em segredo de sua família rica, mas que ao se envolver com uma nova mulher, viu-se necessitado a recorrer à sua família em busca de dinheiro para o tratamento de sua nova enteada. Eis o complô desenhado e o desenrolar da trama, fica para os leitores desvendar.

A curiosa capa da edição 10 só reforça a ideia de conspiração militar vista no final da edição 9, mas ela não retrata com fidelidade o que a história revelaria mais pra frente. Um recurso válido para pescar o leitor e fazer validar um sentimento real após o final do Nº 9, mostrando que o escritor conduz o leitor por onde ele quer. Não seria um bom escritor se não soubesse conduzir a mente do leitor? Há genialidade aqui.

BERARDI LIKE A BOSS

A trama girou em torno de uma difícil missão técnico-científica para descobrir quem é o morto, e depois uma investigação minuciosa para encontrar ex-combatentes ainda vivos da guerra que culmina numa revelação novelística. São tantos elementos difíceis que se encaixam, que faz parecer que um caso desses só poderia ser elucidado numa trama de ficção mesmo. É quase como um livro de mistério de Sherlock Holmes, dado a complexidade com que os fatos vão surgindo a medida que a investigação vai se desenrolando e como eles vão se encaixando como uma trilha de tijolinhos dourados, facilitando o trabalho da investigadora. Você pensa: “Nem ferrando, que isso tudo foi possível“, aí você pensa que neste mundo nós já vimos de tudo. É possível que um caso destes possa ter existido no mundo real? Você não pode dizer que não. Então é plausível que Berardi (O escritor) nos fizesse acreditar neste conto ficcional o tempo todo. Na leitura passeamos entre o “Nem ferrando!” e o “Mas será?” e aqui tem-se o mérito da trama. Eu particularmente acho que a trama poderia ter um desfecho menos novelístico (as famosas reviravoltas) mas entendo também que é uma característica do gênero policial noir. Compensou ler a trama e os perigos pelos quais Júlia e Léo passaram, revelando intensas tramas de ação que puseram suas vidas em risco real em vários momentos.

ATENTADO NA ESTRADA
MOMENTO HOLLYWOODIANO RSRS

Texto por Conde.

Mythos Editora
Capa cartão, Papel Off-set
Preços de Capa: R$ 30,90 (132 Páginas) (No site da Mythos tem um desconto de 35%, fazendo as edições custar R$ 20,09 – Imperdível)

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