Resenha Relâmpago: CAVALEIRO DA LUA VOLUME 7 – A LOUCURA ESTÁ NO SANGUE

POR ESSA NINGUÉM ESPERAVA! A Panini lança mais uma edição de Cavaleiro da Lua, título que recentemente teve publicadas no Brasil fases roteirizadas por monstros como Brian Michael Bendis, Warren Ellis e Brian Wood, além de uma decepcionante fase por Jeff lemire. Capitaneada agora pelo novato Max Bemis, este arco é inesperada e incrivelmente palatável e versátil, servindo, caso o leitor assim deseje, como continuação direta das fases de Ellis e/ou Wood, e muito acertadamente ignorando a fase Lemire, que deixou bastante a desejar por ter sido arrastada demais, apesar de sua boa conclusão. Bemis, vocalista das bandas Say Anything e Two Tongues, é relativamente novo nas HQs, atuando desde 2013 e tendo trabalhado no Boom Studios e na Avatar Comics, onde escreveu dois arcos de Crossed, a HQ mais perversa e violenta da história da humanidade. Agora na Marvel, Bemis assumiu o título do Avatar de Khonshu desde o início da fase Marvel Legado, que começa a sair no Brasil esse mês.

Neste arco surge um novo antagonista para atormentar Marc Spector e suas personalidades variantes: Um paciente psiquiátrico que acaba se tornando o avatar de Amon-Rá, deus do sol egípcio, pai adotivo e principal antagonista do deus Konshu! Agora, com pessoas de seu passado ameaçadas por esse novo inimigo, será que Mark irá prevalecer? A Loucura Está no Sangue é um arco que deu certo em muitos aspectos: Além de assumir a partir do final de uma fase mais morna e levantar o título de novo, Bemis manda muito bem na proposta da casa e vemos uma página que estabelece magnificamente o LEGADO do Cavaleiro da Lua (sim, existiram outros avatares de Khonshu ao longo dos séculos), mais ou menos como Ed Brubaker e Matt Fraction fizeram com o personagem Punho de Ferro em um passado recente, aproveitando a idéia de que o herói não é o homem que veste o manto, e sim o que ele representa em sua essência.

Bemis entrega uma história inteligente e bem estruturada, com uma conclusão eletrizante e as devidas pontas soltas que levam a reinícios interessantes, além de aprofundar com muita competência as referências mitológicas do universo do personagem, em especial no tocante ao deus Amon-Rá, pertencente ao panteão de deuses solares, entidades patriarcais que representavam o ciclo de morte e ressurreição ao qual pertencem Mitra e Jesus Cristo, o que explica a aparência do misterioso Paciente 86, personagem que personifica o poder de Amon-Rá na história, não por acaso com uma muito semelhante à concepção eurocêntrica de Cristo. Além disso, Bemis toca em um tema que parecia esgotado e/ou mal aproveitado no título anteriormente: A abordagem do distúrbio mental do personagem, tornando, se é que posso dizer algo assim, sua loucura coerente, inclusive estruturando as personas de Mark como nenhum outro roteirista havia feito antes, adicionando método à loucura do personagem. Mas não desanimem, Marc Spector continua doido de dar nó ;>).

Por fim, a arte de Jacen Burrows por si só já é motivo para comprar essa edição. Vocês devem se lembrar desse artista, que dispensa apresentações, das HQs Neonomicon, Providence, Crossed e Azul Profundo, todas da Avatar Press, e este arco de Cavaleiro da Lua marca o ingresso de Burrows em uma grande editora. Sua arte é limpa e detalhada, de traços finos, excelente fisionomista e cuidadoso e exímio na elaboração de cenários, e quem ainda não conhece Burrows terá a oportunidade de conferir esse talento nessa edição. Então se você fez como eu e resolveu dar uma chance ao roteirista desconhecido por amor ao personagem ou por gostar do artista da capa, dificilmente irá se arrepender de ter feito essa aquisição! Definitivamente Max Bemis entrou para o meu radar, e é um nome a se acompanhar no futuro…


Compila as edições #188 a #193 da série Moon Knight.
148 páginas. Capa cartonada.
R$ 22,90

Eduardo Cruz
Eduardo Cruz é um dos Grandes Antigos da Zona Negativa, ou sejE, um dos membros fundadores, e decidiu criar o blog após uma experiência de quase-vida pela qual passou após se intoxicar com 72 tabletes de vitamina C. Depois disso, desenvolveu a capacidade de ficar até 30 segundos sem respirar debaixo d’água, mas não se gaba disso por aí.

Ele também tem uma superstição relacionada a copos de cerveja cheios e precisa esvaziá-los imediatamente, sofre de crises nervosas por causa da pilha de leitura que só vem aumentando e é um gamer extremamente fiel: Joga os mesmos games de Left For Dead e Call of Duty há quase 4 anos ininterruptos.

Eduardo Cruz vem em dois modos: Boladão de Amor® e Full Pistola®.

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