UM HERÓI ATRÁS DAS GRADES.
Os maiores pesadelos do Demolidor voltam para assombrá-lo, desta vez com mais força do que nunca. Provas de sua verdadeira identidade são trazidas à tona, e Matt Murdock é levado preso por obstrução da justiça e por agir à margem da lei como o herói mascarado da Cozinha do Inferno. E esse é apenas o começo de seus problemas. A vida atrás das grades cobra um preço alto demais, levando a Matt perigosamente à beira da insanidade. Visado por praticamente toda população carcerária e pelos guardas, o Homem Sem Medo precisa liberar seu lado mais selvagem para sobreviver em meio a inimigos. Uma situação que fica ainda mais desesperadora quando o Justiceiro e o Rei do Crime chegam à Ilha Ryker.
Lembram quando eu comentei na resenha relâmpago do volume anterior que a fase do Bendis em Demolidor se equipara à fase de Frank Miller? Bom, se me permitirem uma retificação, a fase de Brian Michael Bendis frente ao guardião da Cozinha do Inferno é a melhor fase do personagem até agora. PONTO.
Não, não quero ser polêmico e menosprezar o trabalho de Miller, que verdadeiramente definiu o personagem e criou toda a mitologia que é utilizada por roteiristas até os dias atuais. Pô, ele inseriu o misticismo ninja nas histórias do personagem, criando Elektra, Stick e o Tentáculo, que na minha opinião como moleque que cresceu assistindo a filme de ninja nos anos 80, são a melhor coisa na mitologia do Demolidor!
Mas só estou expondo a minha opinião pessoal, que foi formada ao longo da leitura desses encadernados da Fase Bendis. Foi uma viagem divertida e eletrizante, nesse crescendo que se inicia com a revelação da identidade secreta do Demolidor e em como ele tem que se desdobrar, e muitas vezes mentir para não confirmar seu alter ego para o mundo, e que termina nessa transição Bendis/Brubaker, com Matt Murdock preso na Ilha Ryker, no limite da sanidade, com os nervos à flor da pele.
Confesso a vocês que foi a HQ mais empolgante que tive a sorte de ler nesses últimos meses! Bendis entrega a revista para Ed Brubaker com um Murdock afundado de problemas, e o que o Brubaker faz? Aumenta ainda mais as apostas e complica ainda mais a vida do ceguinho, mostrando que Matt Murdock é um dos personagens mais atormentados das HQs. Brubaker joga gasolina na fogueira adicionando Frank Castle, o Justiceiro, a esse rolo medonho de Murdock na prisão! Uma das melhores participações especiais de Castle, com certeza. Curtinha, mas arrebatadora! Mas a confusão não se limita ao Justiceiro: Outros antigos inimigos aparecem nesse arco, que provoca mais euforia do que café, dedo molhado na tomada e meia tonelada de metanfetamina combinados! Além disso, vemos outro Demolidor, que assume a vigilância da Cozinha do Inferno enquanto Matt ainda estava preso, e o acerto de contas entre os dois. E um personagem importante para Murdock “morre” e ele vasculha a Europa atrás de pistas da identidade do responsável.
Quem inventa uma máquina, ferramenta, instrumento musical, dispositivo ou o que quer que seja não é necessariamente seu mais exímio usuário. Stan Lee e Bill Everett criaram o personagem, mas após décadas de histórias medianas, foi Miller quem subiu o nível do ceguinho pistola. Seria tão difícil admitir que o raio pode ter caído outra vez no mesmo lugar nas fases Bendis/Brubaker? Ao final do run de Bendis, (quase) tudo é concluído de forma satisfatória e inteligente, sem recorrer nenhum a deus ex machina impossível ou qualquer outro recurso tacanho que menospreze a inteligência do leitor (Claro que ainda tem aquele cacoete enervante dos diálogos picados, mas isso não compromete, afinal é assim que o Bendis assina suas histórias heheheh), e o mais gratificante de tudo: Seu sucessor foi competente o suficiente para manter a bola no alto e tocar em frente com alto nível. Não acompanhei a fase Brubaker quando a Panini a publicou pela primeira vez no Brasil, mas certamente não vou perdê-la de vista nessas republicações!
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