Todo o cenário foi montado para a batalha contra a Neo Coringa pelo futuro de Gotham. Sete batmóveis pilotados por Batman, Napier e seus aliados da OTG utilizam os túneis construídos pela cidade por Thomas Wayne para invadir o local onde a Neo Coringa tem a posse do canhão congelante. Apesar de toda a aura de grande ameaça pré-estabelecida o confronto se decide rapidamente, mas não sem todo o massavéio que já era esperado, acompanhado por doses extras de piadinhas sem graça no meio do combate. Obviamente, o supercanhão congelante tem um botão “desfazer” e os habitantes de Gotham que estavam congelados junto com parte da cidade são salvos. A resolução entre Napier-Coringa e as Arlequinas e o destino de Napier trilham na direção previsível e Batman desvenda o grande mistério por trás de tudo desde o começo (que cá entre nós, nunca foi tão secreto assim). Passou longe de ser um plot twist revelador guardado para o final da trama.
Desde o início Jack Napier se mostrava um personagem interessante, cuja missão pessoal era expor as mazelas de Gotham causadas principalmente pelo vigilantismo sem limites de Batman e uma elite criminosa aparelhada ao Estado que se sustenta de explorar as camadas mais pobres. Nos primeiros números da série isso foi muito bem desenvolvido e a reputação do homem-morcego foi destroçada pouco a pouco, com a população e o departamento de polícia finalmente enxergando o quanto sua figura se tornou obsoleta e retrógrada. Napier teve a difícil tarefa de vencer os preconceitos daqueles que o julgavam por seu passado como Coringa, mesmo ficando claro que eram duas personalidades distintas. Mas apesar da sua missão nobre de querer salvar a cidade desafiando a metodologia de Batman, Napier deveria falhar desde o começo. No processo de sua vitória parcial, cometeu crimes para alcançar seus objetivos. Isso somado ao surgimento da ameaça da Neo Coringa, do qual Napier era responsável direto. Esses elementos precisavam estar presentes para a grande volta por cima de Batman após ser escorraçado e preso no Arkham. O ressurgimento do herói. A aparição de uma grande ameaça que somente ele poderia lidar. Mostrar que Gotham ainda precisa do seu Cavaleiro das trevas. Com esse final, pode-se dizer que o saldo de Cavaleiro Branco foi de uma trama bem conduzida, apresentando mudanças interessantes na cronologia conhecida do personagem ou um roteiro que flertou com uma grande ruptura mas decidiu retornar a mesmice de sempre que todos nós leitores estamos acostumados a ler todo mês? Sean Murphy tinha em mãos um elseworld de um dos personagens mais importantes dos quadrinhos com toda a atenção do grande público voltada para si pelo grande artista que é. Pela idéia inicial apresentada, o roteiro poderia ir bem além e ousar muito mais, principalmente por ser um elseworld. Murphy tinha em mãos a chance de ingressar no hall de artistas que entraram para a história do Cavaleiro das Trevas, como autores que não tiveram medo de ir além com idéias fora da caixa e entregaram trabalhos que serão celebrados por várias gerações de leitores do personagem. Infelizmente, não será o caso com Batman Cavaleiro Branco de Sean Murphy.
Editora Panini. Capa cartonada. 28 páginas. R$7,50
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