Resenha Relâmpago: HOMEM-ANIMAL – PRAGA VERMELHA

A família Baker não tinha como se manter da mesma forma após os últimos acontecimentos. A morte de Maxine abalou a estrutura psicológica de todos, mas a sua volta pode fazer muito mais e numa escala muito maior.

Para Ellen, o momento pode ser o de recolher-se para tentar processar tudo pelo que tem passado. Já Buddy tem voltado-se cada vez mais para o Vermelho, tornando sua conexão com a humanidade mais tênue. O ritmo acelera, as apostas se tornam maiores e os riscos muito mais altos.

Um novo movimento se forma ao redor do agora mais selvagem Buddy Baker, uma força crescente formada por homens e animais, todos seguindo Buddy, Maxine e um chamado selvagem do Vermelho. Mas o Homem-Animal está cumprindo um papel de Noé contemporâneo, salvando seu rebanho da extinção… ou é apenas um Flautista Mágico os levando a uma sangrenta e brutal extinção?

Este encadernado é o oitavo que publica o HOMEM-ANIMAL pós-Grant Morrison, concluindo a fase do roteirista Jamie Delano (HELLBLAZER), com arte de Steve Pugh (PREACHER: SANTO DOS ASSASSINOS), Russ Braun (The Boys) e Peter Snejbjerg (Starman).

A edição final da fase Delano em Homem Animal é diferente de qualquer HQ que você tenha lido. Uma jóia única. Pouquíssimas vezes um personagem de histórias em quadrinhos foi desconstruído assim de forma tão radical, reconfigurado, ressignificado e afastado dos elementos simplistas de sua concepção original. Se no volume anterior o título já havia se mostrado audacioso o suficiente em não ter situações e lutas entre meta humanos típicas dos comics americanos e mostrou uma comuna matriarcal sendo formada em suas páginas, aqui Delano deu um passo além e mostrou Buddy Baker, o Homem Animal, completamente integrado ao Vermelho, despojado de sua forma humana e liderando pessoas e animais em uma cruzada messiânica contra a sociedade de consumo como a conhecemos! Buddy e sua filha Maxine decidem criar a Igreja do Poder da Vida, e arrebanham seguidores, tanto humanos quanto animais, rumo a uma terra prometida no meio de Nebraska, em sua tentativa de romper com o sistema e fazer nascer uma nova sociedade mais harmonizada com a natureza. Claro que não vão faltar perigos e antagonistas decorrentes desta situação, mas Delano encaminha as situações a direções que o leitor sequer imagina. Maxine Baker é incrível. Buddy como avatar do Vermelho chega ao  ápice enquanto personagem de uma maneira que invalida as histórias posteriores do personagem (vocês precisam ler para saber do que estou falando). O fechamento desta fase, apesar de existirem mais dez edições com o inexpressivo Jerry Prosser nos roteiros antes do cancelamento do título, são o encerramento perfeito, o encerramento de série que os fãs sentiram muita falta em Hellblazer. John Constantine merecia o Jamie Delano para dar uma saideira decente como esta aqui foi.

A sequência final do encadernado, que mistura a liturgia cristã do “Esse é o meu corpo, esse é o meu sangue”, sincretizada com uma orgia típica de povos pagãos…. sem palavras. A DC sempre foi ousada em seus títulos, mas a senhora, Dona Karen Berger, enquanto esteve à frente da Vertigo levou isso ao extremo! Poucas vezes um gibi mainstream foi tão subversivo assim. Pena que acabou. Mas foi mágico enquanto durou e marcou gerações de leitores. Falo com tranquilidade que esta fase é tão magnífica quanto a fase Grant Morrison à frente do personagem, e acredito que ninguém vai ficar pistola comigo pela comparação, certo?

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236 páginas. Capa cartonada.
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Eduardo Cruz
Eduardo Cruz é um dos Grandes Antigos da Zona Negativa, ou sejE, um dos membros fundadores, e decidiu criar o blog após uma experiência de quase-vida pela qual passou após se intoxicar com 72 tabletes de vitamina C. Depois disso, desenvolveu a capacidade de ficar até 30 segundos sem respirar debaixo d’água, mas não se gaba disso por aí.

Ele também tem uma superstição relacionada a copos de cerveja cheios e precisa esvaziá-los imediatamente, sofre de crises nervosas por causa da pilha de leitura que só vem aumentando e é um gamer extremamente fiel: Joga os mesmos games de Left For Dead e Call of Duty há quase 4 anos ininterruptos.

Eduardo Cruz vem em dois modos: Boladão de Amor® e Full Pistola®.

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