Leitura da quarentena #32 Conan: A lenda – As jóias de Gwahlur

Crom! As aventuras mais bonitas, brutais e gostosas do bárbaro anabolizado para ser ler atualmente. Antes de voltar pra Marvel, o personagem passou uns tempos na Dark Horse Comics, lar de grandes títulos como Hellboy (Tô esperado meu omnibus volume 1 e 3, heim, Mythos…), 300 de Esparta, Sin City e muitos outros. E por lá, acumulou várias histórias épicas e lendárias que realmente fazem jus ao cimério.

Criado em 1932 por Robert E. Howard, o brutamontes espadachim ganha mais um belo encadernado pelas mãos da Mythos Editora que é um baita presentão pra quem quer começar a ler HQs do zero, pra quem quer começar a ler as HQs do Conan e até pra quem já é fã antigo do personagem.

Lá pelos anos de 2008 mais ou menos, quando eu ainda era um colecionador novato e duro, (Não que eu não ostente mais essa última característica, mas ok) vi numa banca de jornal uma HQ do Conan e na hora até estranhei as diferenças do eterno Arnold Shazinegger Chuaiscineiguer Suasnie… Shwazenneggggggers (Aquele que fez exterminador do futuro lá. Duvido você escrever o nome dele sem ver no Google) mas comprei mesmo assim pois me chamou muita atenção. Cheguei em casa e obviamente devorei as páginas escritas por Kurt Busiek e ilustradas por sei lá quem.

Confesso que minha única frustração foi em saber que para terminar a história ali presente teria que ler a revista anterior e as próximas, e isso ainda seria bem difícil, pois aquela publicação tinha saído originalmente em 2005 e estava, injustamente, encalhada na banca até aquele dia.

Mas pera, o que isso tem a ver com essa publicação? Quase nada, mas quando eu soube que a Mythos tinha mandado essa delícia de HQ pra redação da ZN e que compilava edições publicadas entre 2003 a 2005 eu fiquei ensandecido e inclusive agredi alguns dos meus colegas de redação com o gargalo quebrado de uma garrafa de vidro, no melhor estilo Conan, pela posse da mesma. Achei que eram as histórias que eu tanto queria continuar a ler. Me enganei completamente, pois não tinha nada a ver. Mas olha, eu não fiquei nem um pouco desapontado. Esse encadernado na verdade me atingiu como aço temperado da era Hiboriana no meio do crânio. Me apaixonei na hora e não consegui parar de ler até a última página da publicação.

A edição reúne grandes nomes das histórias em quadrinhos em grandiosas aventuras do grande e gracioso bárbaro. São 5 aventuras no total. Na primeira, com roteiros e arte de P. Craig Russell temos a história que dá nome ao encadernado dividida em três partes mostrando nosso cimério favorito em busca de um tesouro valiosíssimo, como sempre. Mas o grande lance dessa primeira aventura é o revezamento entre o misticismo e a ação, dando um nó na cabeça do leitor ao despistar não deixando claro em quais momentos algo realmente sobrenatural acontece e quando não. Trazendo aquela expectativa e suspense gostosos que tanto amamos.

Na segunda história, “Troféus“, Conan mostra que não é só de brutalidade e força que se faz um bom ladrão. E que mesmo com malandragem para dar e vender, ele prefere roubar as coisas dos outros a cada oportunidade mesmo. Tudo isso em apenas 8 páginas com roteiro de Timothy TrumanBenjamin Truman e arte de Marian Churchland.

Em seguida, temos Jimmy Palmiotti e Mark Texeira contando uma história que me lembrou um pouco o filme de 1984. Assim como no filme, um rei pede a Conan para que este resgate sua filha que foi raptada. A diferença é que aqui a magia come mais solta ainda e a princesa raptada tem uma irmã gêmea. Chega a ser spoiler falar que o Conan passa o rodo numa das duas irmãs ou isso já era esperado? Enfim…

Mais adiante, na quarta equipe criativa temos 3 capítulos que contam uma história mais ou menos dividida em 3 partes. Na primeira aventura, num cemitério, Conan ajuda uma MILF da Hiboriana a realizar seus desejos necrófilos num cemitério tipicamente do século 15 (ué?). Na segunda e terceira partes, duas irmãs cavaludas (de novo??) Contratam o cimério para realizarem juntos um saque a um tesouro envolto em superstições. Nem vou falar que ele passa o rodo aqui também, né? Só não vou dizer se é na MILF ou nas duas irmãs fetiches de maluco. Pra descobrir, você vai ter que ler. O legal desse arco aqui, foi ver como Ron Marz e Bart Sears – Roteiro e desenhos respectivamente – criaram uma versão mais brucutu do personagem, ao passo que souberam equilibrar muito bem esse lado do personagem com suas características intelectuais, que fazem dele um exímio estrategista e excelente lutador. Inclusive, em dado momento, o bárbaro, com todas as letras, diz que prefere ser perspicaz a ter que desembainhar sua espada à toa.

Após isso, na 5º aventura deste encadernado, com roteiros de Timothy Truman e arte deslumbrante de Paul Lee, nós vemos um curto e emocionante conto cheio de suspense que mesmo com apenas 10 páginas consegue deixar o leitor de cabelos em pé (Só funciona pra quem não tem calvície, heim…) e ainda termina de forma completamente além de qualquer expectativa.

Por último, temos uma última historinha bem curtinha que fica ligeiramente aquém das demais. O roteiro é mediano, a arte não me chamou a atenção, mas são só 7 páginas, então nem dá nada. Basicamente o Conan tenta ensinar uma coisa pra um moleque e ele tenta ensinar algo pro Conan. Alguém aprende algo no final das contas? Sei lá, pô. Essas sete páginas são assinadas por Michael Avon Oeming no roteiro e na arte.

Ahhhh… Já ia esquecendo. Depois dessas seis histórias do Conan ainda tem umas tirinhas sobre a vida do criador dele, Robert E. Howard. Mas não vi nada muito relevante aqui não. Os eventos são muito triviais e acabaram sendo ofuscados pelo restante do encadernado.

Sobre os artistas dessa edição:

Bônus sobre a Geografia de Conan:
Sempre tive a curiosidade de saber onde e quando as histórias do Bárbaro de tanguinha se passavam. Bem, segundo uma pequena pesquisa que fiz no Google, a era Hiboreana, que é fictícia se passa em mais ou menos 12 mil antes de cristo e segundo esse mapa, fica ali numa mini pangeia que mistura vários continentes existentes. Mas a posição geográfica também é ficticia, o que dá liberdade para que os autores criem histórias que mesclam elementos atuais e da pré história num só de forma a não soar estranho ou errado.

Ufa, falei pra cacete, né? Dessa vez me permiti escrever livremente sem ficar contando palavras para variar um pouco. E até que gostei. E se mesmo com tudo que eu falei ainda não ficou claro, eu amei essa publicação e mesmo sendo um terceiro volume, não é nem de longe uma publicação continuada. E mesmo que você seja lombadeiro, pode ficar tranquilo. Não há nada na lombada indicando um terceiro capítulo aqui. Nem na capa, na verdade. Fica aqui minha recomendação sincera para vocês. Comprem esse monstro! Pelo número de páginas, capricho com os detalhes e pelo conteúdo vale o preço de capa (Ainda mais considerando os aumentos absurdos da Panini) e se você der sorte e conseguir um desconto, melhor ainda.

Texto por João Garaza (instagram: @joaogaraza)
Editora Mythos
212 páginas. 
Capa dura. 
R$ 99,90
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João Garaza
Bacharel em publicidade, ator, diretor e escritor que não se destaca em nenhuma dessas áreas.
Garaza tem um senso de humor exótico. (Algo entre tio sukita e pessoa que devia estar internada) Começou a ler HQs em 2006 e desde então acumula pilhas e mais pilhas de celulose superfaturada.
Fã do Capitão América, Deadpool, Batman e Lobo. Apreciador de autores e histórias despretensiosos.
Gosta também de passeios ao pôr do sol, andar de mãos dadas e está a procura de um novo amor. Joga a foto pra direita pra gente dar match!
;)

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