Introdução: Esta série foi publicada em 3 minisséries separadas e tem a premissa de que os heróis envelhecem como se fosse no mundo real. Então, cada ano representado em cada história imprime suas devidas características nos personagens, com relação ao passar do tempo; a narrativa também é fluida, assumindo a ‘cara’ da época em que a história se desenrola, tanto no quesito cultural da época como na forma que as HQs eram também escritas a época. Gerações 1 (4 edições) se passa em períodos de 10 anos: Ed. 1 (1939 a 1949), Ed. 2 (1959 a 1969), Ed. 3 (1979 a 1989) e Ed. 4 (1999 a 2019). O ano inicial coincide com as primeiras aparições destes dois personagens, Superman (1938) e Batman (1939) e o ano de publicação é 2001 nos EUA. Gerações 2 (4 Edições) se passa em períodos de 11 anos: Ed. 1 (1942 e 1953), Ed. 2 (1964 e 1975), Ed. 3 (1986 e 1997) e Ed. 4 (2008 e 2019) e o ano de publicação é 2002 nos EUA. Gerações 3 (2 Encadernados) se passa em período de séculos: Encadernado 1 (Século XX ao XXV) e encadernado 2 (Século XXVI ao XXX) e o ano de publicação é 2003 e 2004 nos EUA. Dito isto, eu estou fazendo uma leitura cronológica desta HQ, para que consiga me aprofundar nas mudanças que vão ocorrendo ao longo dos anos de uma forma mais precisa. Me acompanhem:
1925 (Gerações 3, Enc. 1, Primeira Parte) – É estranho começar uma história já do último ciclo de Gerações que é o terceiro, porém, é aqui o ano em que a trama e Gerações começa. Com o título de “Século 20: Crise Contratemporal”, essa HQ se passa 14 anos antes da primeira edição de Gerações 1 (1939), esse é um período em que a DC introduziu o Superboy (Kal-El) – Não confundir com o Conner Kent/Kon-El, o clone do Superman – no ano de 1944 para contar as histórias do Superman (criado em 1938) em aventuras em Smallville. Byrne resgatou essa parte do passado da DC e do Superman em Gerações 3 em uma aventura com Saturnia – sim, ela mesmo, da Legião dos Super-Heróis do Século XXX. (Por acaso, o ano final dessa cronológica aventura que se dará no último encadernado de Gerações 3. Nesta aventura, Saturnia aparece de modo clássico, como sempre: “Deu merda no futuro e precisamos do Superboy para nos ajudar”. Nesta época, Superboy tinha aventuras com a Legião de forma recorrente, nesta aventura inclusive, não era a primeira vez que ela aparecia, com inclusive o Pete (Amigo do Clark) e os pais de Clark reconhecendo-a (Parece que só a Lana ficou de fora do clubinho dos que conhece os segredos do Superboy aquela época), uma característica da época também. Na trama nós vemos o General Lane e sua intrépida filha Lois Lane fuxicando em tudo em busca de saciar uma intensa curiosidade jornalística. Há também a aparição de Bruce Wayne ainda moleque, passados 5 anos da morte de seus pais e com Jarvis Pennyworth como mordomo, o pai do Alfred. – Isso porque neste ano de 1925, o Alfred ainda não tinha sido criado pela DC, isso só veio a acontecer em meados dos anos 40. – Bruce aparece na trama pilotando um avião e com sua sagaz mente, compreende parte de um importante esforço que ajudou Superboy com os invasores do futuro. Na trama, dá-se a entender que Superboy e Bruce Wayne já se conheciam quando crianças. Saturnia, em um esforço desesperado antes de sua (aparente) morte, faz com que todos esqueçam do incidente num raio de 1500m, ao fazer isso e aparentemente morrer, sua nave automaticamente é teletransportada para o futuro levando as intrépidas Lois Lane e Lana Lang para o Século XXX. Assim começa Gerações. Uma história inicial que prenunciará o final de toda esta trama. Ao longo de Gerações 3, com períodos divididos em séculos, entende-se que há uma crise que vem ocorrendo a cada 100 anos, mas isso será melhor desvendado na 2º parte do Enc. 1 de Gerações 3. Por enquanto vamos lendo os anos seguintes da trama para ir acompanhando o desenvolvimento dos personagens.
Acho importante dizer que a qualidade da impressão de Gerações 3 deixou muito a desejar. Lançada em papel jornal, a edição ficou aquém do trabalho de Byrne, que ficou extremamente prejudicado. Mas nem vou reclamar muito, porque não fosse a Mythos, nós nunca teríamos essa importante saga concluída aqui. Na época a Mythos não era a potência que é hoje e vingava sempre com as edições Elseworld da DC e outros títulos de menor expressão de outras editoras gringas.
1939 (Gerações 1, Ed. 1, Primeira Parte) – A HQ começa com uma feira de tecnologia em Metrópolis, emulando a feira de Nova Iorque de 1939-40, que ficou conhecida como “O Mundo do Amanhã”, Byrne já começa despejando paralelos históricos do ano de 1939, foi o cenário ideal para iniciar a saga. Superman e Bat-Man (Com Hífen, porque foi assim que o personagem foi criado em 1939. A mudança só veio na 3º aparição do personagem na edição de nº 29 de Detective Comics em 1939), com uniformes característicos da época. Superman com o triângulo invertido no peito onde encontra-se o ‘S’ e o Batman com uma máscara mais sisuda, parecendo um morcego e com asas de morcego ao invés da tradicional capa. Eles se encontram pela primeira vez para deter o vilão Ultra-Humanóide, o primeiro vilão do Superman (Não, não era o Lex Luthor). Nesta época, um careca em uma cadeira de rodas, gênio da robótica e pretenso conquistador mundial. O embate acaba com o vilão explodido com uma bomba que ele próprio confeccionou para acabar com a feira de Metrópolis, dando a entender que ele morrera na explosão. Nos últimos quadrinhos, uma peruca ruiva cai. É uma alusão a Lex Luthor como um dos capangas do Ultra-Humanóide, chamado de “Ell” (Que é a transcrição da letra L em inglês). Byrne insere o personagem na trama, mas ainda não poderia dizer que era Lex Luthor, uma vez que o vilão surgiu pela primeira vez em 1940.
1942 (Gerações 2, Ed. 1, Primeira Parte) – No auge da 2º Guerra Mundial, a SJA junto com a Esquadrilha dos Falcões Negros combatem os nazistas que contam com armamentos bélicos desenvolvidos por Luthor. É a primeira aparição de Luthor como um vilão. Nesta época ainda não existia a Liga da Justiça, que veio a ser criada em 1960, mas a SJA já existia desde 1940. A SJA conta com Espectro (Um ser que tem como poder principal ficar gigante, mas que ainda não possuía o status de vingador celeste que viria a ter no futuro), Gavião Negro, Lanterna Verde (Alan Scott), Superman, Batman e Robin. O Ultra-Humanóide está vivo, mas por algum motivo seu rosto não é mostrado. Aqui ele carrega uma Kryptonita no peito – como outro notável inimigo do Superman, o Metallo. A Mulher-Maravilha dá as caras, como uma prévia de sua saída da Ilha Paraíso, o que é um erro cronológico, pois a Mulher-Maravilha surgiu em 1941, mas segundo o próprio Byrne relata em um extra da edição: ”Não queria esperar até que outras séries Gerações 3, 4 ou 10 se passasse em 1941 para introduzi-la”. Cabe uma licença poética, é claro. Em Gerações 2, vemos Byrne expandir o conceito para outros heróis do universo DC, uma proposta ousada, eu diria, pois quanto mais personagens forem aparecendo, mas links terão de ser feitos. E não tem como não falar de 2º Guerra neste ano fatídico e não mostrar o embate dos heróis contra o eixo. Mas uma tacada certeira e histórica.
1949 (Gerações 1, Ed. 1, Segunda Parte) – Nesta edição, Robin já pretende largar o Batman para seguir seus estudos, como aconteceu normalmente na vida do Dick, mas ainda tem tempo de viverem uma última aventura juntos. Luthor e Coringa sequestram Lois Lane, grávida do Superman, forçando Superman e Batman a se unirem para enfrentar o vilão. Numa tática muito usada nos gibis antigos, Superman e Batman trocam de identidade para confundir os vilões afim de salvar Lois. Eles obtém sucesso, mas não antes de Luthor expôr Lois a Kryptonita amarela, o que faz com que o bebê na barriga perca todos os poderes que viria a ter por ser filho do Superman. Isso certamente trará complicações futuras. Tony Gordon é o comissário de polícia, filho de Jim Gordon, que aparentemente está morto. Ao final da história, uma mulher com um rosto coberto conversa com Alfred na mansão, ela está com um tricô nas mãos, dando a entender que é a mulher de Bruce e que está grávida. Mistério… quem é ela?
1953 (Gerações 2, Ed. 1, Segunda Parte) – Gordon, dado como morto, reaparece sinalizando o culto do demônio de Ras Al Ghul. Superman está em outro planeta irradiado por um sol vermelho, sem poderes e como escravo. Sua mulher está no hospital e está prestes a dar à luz ao seu segundo filho. A Mulher Maravilha também está grávida no hospital e Steve Trevor, o pai, está desaparecido em missão. Etta, a assistente de Steve Trevor, é a amiga mais próxima de Diana, fato este que vem da reformulação da personagem por George Pérez. Superman, mesmo sem poderes consegue escapar da sua escravidão e de quebra contatar Abin Sur (O Lanterna Verde antecessor de Hal Jordan) e com isso libertar o povo daquele planeta da escravidão. Abin Sur traz o Super ao planeta Terra – pois este estava sem seus poderes – e conhece Alan Scott, que lhe conta sobre seu anel de Lanterna Verde. Super chega a tempo de ver Lois ter o neném, e eles decidem que sua filha usará um pingente que anulará os poderes da criança até que esta esteja preparada para usa-los. Ao mesmo tempo, um avatar jovem de Diana, chamada Moça-Maravilha, encontra Steve Trevor acidentado e às portas da morte. Ela não consegue salvá-lo e Diana fica viúva com uma criança órfã de seu pai. É um final feliz para Lois, que reencontra o Super e tem o neném e um final triste para Diana que teve o neném, mas perdeu seu grande amor.
Continua na parte 2.
Texto por Conde.
Mythos Editora
Papel Jornal
Gerações 3, Enc. 1
Preços de Capa: R$ 16,90 (140 Páginas)
Opera Graphica
Papel LWC
Gerações 1 e 2, Edições 1
Preços de Capa: R$ 4,90 (50 Páginas)
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