“O tolo bebe, e se embebeda; o covarde não bebe. O homem sábio, bravo e livre bebe, e dá glórias ao Mais Alto Deus.”
Edward Alexander Crowley, ou Aleister Crowley, como era mais conhecido fez de (quase) tudo: Enxadrista, alpinista, dramaturgo, poeta, ocultista nato, viajante andarilho, divulgador da Ioga no ocidente, estudioso da Cabala, viciado em cocaína e heroína, suposto espião a serviço da Coroa Britânica, taxado pela imprensa da época como o homem mais depravado de sua época, fundador da filosofia da Thelema, mago invocador de demônios e espíritos, arauto do Novo Aeon, um mero charlatão dado a escândalos… Digam o que disserem do Crowley, aí está um cara que certamente vivenciou a vida ao máximo! “Todo homem e toda mulher é uma estrela“, ele afirmava em seus tratados, e tentou atingir o potencial máximo que lhe foi permitido, seja para o bem ou para o mal. Embora eu suspeite que conceitos como “Bem” e “Mal” não se apliquem a Crowley. Sua concepção de prática mágica, ou “Magick”, como “a ciência e arte de causar mudanças de acordo com a vontade” é estudada por iniciantes e iniciados e são incontáveis as ordens místicas que utilizam seus conceitos e postulados como base. Além disso, sua esfera de influência atinge lugares inusitados até os dias de hoje: Considerado uma celebridade antes mesmo do termo existir, o mago é citado, referenciado e reverenciado dentro da cultura de massas, seja na música, nas histórias em quadrinhos, filmes, livros… Isso sim é poder, bitches!!!
Crowley nasceu no seio de uma família cristã e sempre teve problemas com uma criação nesses padrões. Era obrigado a ler um capítulo da bíblia por dia. Perdeu o pai, dono de uma cervejaria, aos 11 anos de idade e tinha uma péssima relação com a mãe, que chegava ao cúmulo de chamá-lo de “A Besta“, alcunha que acabou perdurando pelo resto de sua vida. A característica mais marcante de Crowley sempre foi bater de frente com os valores morais e religiosos do seu tempo, sendo um proto-libertarianista, defendendo a liberdade sexual, pessoal e espiritual, e a sua regra de “Faz o que tu queres” posteriormente se tornaria o mantra da filosofia Thelêmica. Em 1897, impelido por aquelas questões maiores da existência humana, Crowley abandona Cambridge para se dedicar ao ocultismo. No ano seguinte, ingressa na Ordem da Aurora Dourada, onde, após iniciado, aprende os fundamentos da magia ritualística e como utilizar drogas em rituais. Logo, uma dissidência o leva a entrar em choque com o mestre da ordem, o ocultista S. L. MacGregor Mathers, considerado muito autoritário por alguns membros. Após algumas tentativas de conciliação, o choque de egos entre Crowley e Mathers o leva a abandonar a Aurora Dourada em definitivo.
Encruzilhadas, reais ou simbólicas, são um dos elementos essenciais para os praticantes de magia. E é aqui que Crowley atinge a sua encruzilhada: Em 1904, um dos momentos chave de sua vida, em uma viagem de lua de mel ao Cairo acompanhado de sua esposa, Rose Edith Kelly, ele entrou em contato com uma entidade chamada Aiwass, que afirmava ser o porta voz de Hórus. Durante três dias, entre 8 e 10 de abril de 1904, entre o meio-dia e as 13 horas, Aiwass ditou para Crowley o que viria a ser conhecido como o Liber Al Vel Legis, ou O Livro da Lei. Crowley relatou que a voz vinha por sobre seu ombro esquerdo, como se Aiwass estivesse posicionado em um dos cantos da sala, com um timbre firme e expressivo, mas ao mesmo tempo tenro.
Mas o que vem a ser o Livro da Lei? dividido em três partes, a primeira ditada por Nuit, a deusa egípcia do céu noturno, a segunda por Hadit, autodenominado o complemento de Nuit, sua noiva, e a terceira por Ra-Hoor-Khuit, a Criança Coroada e Conquistadora, o livro seria um poderoso grimório, que fala sobre a vindoura Era de Aquário, o Aeon de Hórus, uma era que supostamente se iniciaria com a queda das religiões patriarcais e com uma compreensão maior acerca do (auto)conhecimento espiritual e autogovernança do indivíduo. Seu conteúdo é extremamente críptico, enigmático, deixando abertura para as mais diversas interpretações. Isto é plenamente intencional: O Liber Al Vel Legis é para ser lido individualmente, e a apreensão de seu conteúdo, a forma como ele será compreendido vai depender exclusivamente das percepções e vivências pessoais de cada um que o ler. É um mesmo livro que se torna tantos livros quanto existam leitores para ele! Os Thelemitas não encorajam textos explicativos ou assembléias e reuniões para se interpretar passagens do mesmo, a fim de evitar a criação de dogmas em cima dele, um vício de todas as grandes religiões. Assim sendo, não há interpretação incorreta do Livro da Lei e seu “sacramento”, na falta de um termo melhor, se dá na esfera pessoal de cada um. O único autorizado a fazer alguns comentários a respeito do livro foi o próprio Crowley, que utilizou a Cabala como uma espécie de pedra de Roseta para interpretar os versos crípticos.
No final de 2017, a editora Chave lançou uma belíssima edição do Liber Al Vel Legis, que traz um ótimo prefácio, rico em informações complementares, páginas de reproduções dos manuscritos originais de Crowley, os comentários dele quanto ao Liber Al Vel Legis e um poema de Crowley traduzido por Fernando Pessoa, um notório entusiasta da obra do magista. Coisa fina. O livro, que possuía uma edição anterior rara e esgotada no Brasil há muitos anos, é uma segunda chance para aqueles, que como eu, andavam loucos atrás de um exemplar físico. A edição é incontestavelmente produzida com muita atenção a cada detalhe, desde a capa até a tradução. Além disso, é uma edição bilíngue Português/inglês.
“Observem por si mesmos a deterioração do sentido de pecado, o crescimento da inocência e da irresponsabilidade, as estranhas modificações do instinto reprodutivo com a tendência de transformar-se em bissexual ou epiceno, a confiança infantil no progresso combinada com medo apavorante da catástrofe, contra a qual ainda pouco desejamos tomar precauções.Considere o afloramento das ditaduras, apenas possível quando o crescimento moral está em seus estágios iniciais, e a prevalência de cultos infantis como o Comunismo, o Fascismo, o Pacifismo, dos Modismos da Saúde do Ocultismo em quase todas as suas formas, religiões sentimentalizadas ao ponto da extinção na prática.
Considere a popularidade do cinema, do rádio, da loteria esportiva e das competições de adivinhação, todos instrumentos para confortar crianças intratáveis, sem semente de propósito neles.
Considere o esporte, os entusiasmos e raivas infantis que ele desperta, nações inteiras perturbadas por disputas entre meninos.
Considere a guerra, as atrocidades que acontecem diariamente e não nos comovem e pouco nos preocupam.
Somos crianças.
Como este novo Éon de Hórus se desenvolverá, como a Criança irá crescer, isso cabe a nós determinar (…)”
O Livro da Lei, página 37
Ainda relacionado a Crowley, a Chave lançou pouco tempo depois, no início de 2018, em parceria com a editora Veneta, uma biografia em quadrinhos do mago inglês. A HQ, intitulada simplesmente Aleister Crowley, tem um projeto gráfico similar à edição do Liber Al, e mostra a história de Crowley desde o nascimento em sua família rica família de fanáticos religiosos, a sofrida infância e adolescência nas escolas de elite, a descoberta da magia e a vida de escândalos que o transformaram em uma das maiores personalidades de seu tempo e o alvo favorito dos tabloides ingleses que o definiram como “O homem mais perverso do mundo”. De autoria de Martin Hayes e RH Stewart, a HQ lembra muito Do Inferno, de Alan Moore, ou mais precisamente, nos remete ao artista de Do Inferno, Eddie Campbell: uma arte em preto e branco “suja”, hachurada, de linhas fortes. Uma única ressalva que eu tenho com a biografia quadrinizada é pelo fato de Crowley, que teve uma vida tão diversa, viajou muito, exerceu incontáveis atividades e experimentos místicos ter tudo isso resumido a cento e poucas páginas. É o resumo do resumo de uma vida inteira. O atenuante aqui é que metade do livro é de notas explicativas, mais uma similaridade com Do Inferno. As notas explicativas complementam os quadrinhos e contextualizam muitos fatos que poderiam passar em branco se lêssemos apenas a HQ.
“A evolução promove suas mudanças de maneiras antissocialistas. O homem “anormal” que prevê as tendências do tempo e adapta as circunstâncias de modo inteligente é motivo de riso, é perseguido, e frequentemente destruído pelo rebanho; mas ele e seus herdeiros, quando a crise vem, são sobreviventes.”
O Livro da Lei, página 39
UMA BESTA POP
Por fim, Crowley morreu em 1947 (mesmo ano da queda do objeto voador em Roswell. Coincidência??? Desculpe, não trabalhamos com coincidências aqui), pobre e quase sem seguidores. Mas a sua grande obra já havia sido concluída: A maneira como ele praticava Magia inspirou muitos outros estudantes e diletantes e possibilitou a formação do neopaganismo como o conhecemos hoje, além de deixar profundas marcas na cultura. Para uma figura tão peculiar, Aleister Crowley se tornou uma presença perene e bem influente na cultura pop. Não dá pra ler uma dúzia de livros, HQs ou filmes, ou mesmo escutar músicas sem esbarrar em uma menção direta ou indireta, homenagem ou referência ao Crowley real, tamanho é o fascínio que a Besta exerce em quem estuda sua vida e obra. Abaixo temos alguns exemplos bem famosos, e outros nem tanto. Essas referências pinçadas aqui não são sequer a ponta do iceberg, e uma pesquisa mais extensa faria o post ficar umas cinco vezes maior do que é, então vamos parar por aqui rs. “A influência de Crowley na cultura moderna é tão disseminada quanto a de Freud ou Jung”, diz o jornal inglês The Guardian, e os exemplos abaixo comprovam a influência da Besta dentro do panorama das artes.
HISTÓRIAS EM QUADRINHOS
Por ter sido vilipendiado por tantos anos pela imprensa de seu país natal, Crowley acabou se tornando quase uma figura folclórica. Uma espécie de Toninho do Diabo, mas com o charme britânico que o nosso representante do Cramulhão não possui. Por isso, nada mais natural do que a profusão de citações a Crowley se concentrar com mais frequência em obras da cultura popular britânica. A Invasão Britânica, que nos anos 80 apresentou ao mundo uma nova geração de quadrinhistas do Reino Unido, quase pode ser chamada também de Invasão Crowleyana ;>).
“No mundo das ciências ocultas do século XX, Crowley é uma espécie de Einstein”Alan Moore
- Sandman – Logo primeira história do Sandman de Neil Gaiman, o personagem-título da série, Sonho, é capturado por engano em um ritual desastroso do mago Roderick Burgess, criado à imagem de Crowley (de quem, na HQ, Burgess é rival).
- Belas Maldições – Ainda de autoria de Gaiman, no divertidíssimo Belas Maldições, livro escrito a quatro mãos com Terry Pratchett, Crowley é o nome de um dos protagonistas. O demônio se junta ao anjo Aziraphale na tentativa de impedir o fim dos tempos.
- John Constantine: Hellblazer – Crowley aparece também em Hellblazer, mais precisamente na fase de Paul Jenkins. No arco Massa Crítica, o mago está há anos vivendo em um local ermo, à beira de um rio, tendo um espaço de deslocamento limitadíssimo, pois só pode andar em cima de pentagramas de proteção traçados no chão para protegê-lo de ser arrastado para o inferno pelo Primeiro dos Caídos. John, é claro, acaba com a pouca alegria que ainda restava ao coitado…
- Requiem – Cavaleiro Vampiro – Na HQ escrita pelo inglês Pat Mills e ilustrada por Olivier Ledroit (que já resenhamos AQUI!), em uma espécie de pós-vida bizarro e maligno, Crowley é o responsável pelo Banco de Sangue em uma sociedade governada por vampiros, e aparece em toda a sua glória com uma aparência que faz jus à alcunha de A Besta…
- Asilo Arkham – Falando de outro expoente da Invasão Crowleyana, digo, Britânica, não posso esquecer de mencionar Grant Morrison, que assume que boa parte de sua obra tem influência nos escritos de Crowley e o considera o Picasso da Magia. Em sua graphic novel Asilo Arkham, Crowley é mencionado explicitamente. Na história, Amadeus Arkham, fundador do manicômio mais famoso de Gotham City, se encontra com Carl Gustav Jung e Aleister Crowley em suas viagens quando jovem. Além disso vemos o Tarô de Toth, concebido pelo próprio Crowley, sendo manuseado por um personagem. Morrison também escreveu uma peça de teatro sobre Crowley em 1990, intitulada Depravity.
- A Liga Extraordinária – Século – E como regra aqui na Zona, se falou de Morrison tem que falar de Moore! Linkemos então Alan Moore, a ponta de lança da Invasão Britânica, bruxo de Northampton, a Aleister Crowley: Em Século, história da Liga Extraordinária, o mago negro Oliver Haddo, personagem criado pelo escritor W. Somerset Maugham para o livro The Magician, é baseado em Aleister Crowley e reutilizado por Moore na HQ, dando trabalho para Mina Harker e seus companheiros por um século inteiro na HQ.
- Do Inferno – Moore também cita Crowley em Do Inferno, HQ semi fictícia que discorre a respeito dos crimes de Jack, O Estripador. O garoto juvenil Aleister dá as caras como um menino bem insolente em uma rápida aparição.
- Promethea – Nessa série, que um crítico já definiu como “um gibi da Mulher-Maravilha escrito por Aleister Crowley”, Aleister aparece em alguns momentos, entre eles em uma edição dedicada ao Tarô, onde Crowley conta, no rodapé das páginas, uma piada que segundo Moore, sintetiza o que é a Magia. Mais à frente, enquanto a protagonista explora a Árvore da Vida na Cabala, Crowley aparece transfigurado como mulher, em uma esfera metafísica superior.
- Herói Nenhum – Nessa HQ de Warren Ellis e Juan Jose Ryp, notei uma breve menção à Crowley e sua Abadia de Thelema, em uma de minhas releituras recentes dessa HQ magnífica, enquanto fazia esse post. Deve ser só coincidência…
CINEMA
- The Devil Rides Out – Esse livro de Dennis Wheatley foi adaptado para o cinema em 1968. As Bodas de Satã, título nacional, é uma produção britânica, dirigida por Terence Fisher e roteirizado por Richard Matheson (autor de Eu sou A Lenda), tem Christopher “Drácula Saruman” Lee como o “mocinho” e o ator Charles Gray no papel de Mocata, um perverso aristocrata mestre em magia negra, o Crowley da vez…
- La Herencia Valdemar – Esse filme espanhol de 2010, além de brincar com os Mythos Lovecraftianos, tem uma participação muito especial: Aleister Crowley é retratado no filme como um mago embusteiro que executa um ritual que acaba dando muito, muito errado… Tão errado que no final o próprio Cthulhu aparece!
- Perdurabo (Where Is Aleister Crowley?) – Esse média metragem escrito e dirigido por Carlos Atanes se passa na Abadia de Thelema, na Sicília, durante o ano de 1939.
MÚSICA
- Led Zeppelin – O guitarrista Jimmy Page era aficionado pela obra de Crowley, a ponto de o vinil do álbum Led Zeppelin III trazer inscrito “Faz o que tu queres“. Além disso, Page comprou uma mansão que já pertenceu a Crowley e onde gravaram algumas cenas do filme-concerto The Song Remains The Same.
- Ozzy Osbourne – Mr. Crowley – A letra diz tudo. A homenagem do Príncipe das Trevas Ozzy à Besta Crowley. Coisa linda. Até rolou uma lagriminha de sangue aqui…
- David Bowie – Quicksand – O Camaleão também se rendeu à Besta e canta nos versos iniciais: “I’m closer to the Golden Dawn…”. Mais direto, impossível…
- Marilyn Manson – Holly Wood (In The Shadow Of The Valley Of Death) – O quarto álbum de Manson tem o mesmo teor de qualquer álbum de sua carreira: O artista está sempre atacando a hipocrisia da sociedade em que vive, criticando a idolatria às armas, o culto à violência, a cultura do medo e os demais perigos do conservadorismo extremo. Tio Crowley ficaria orgulhoso, mas piraria mesmo é com as fotos do encarte deste álbum, onde Manson e banda encenam as cartas do tarô, uma das obsessões de Crowley, que chegou a desenvolver seu próprio tarô.
- Klaxons – Magick – O título da música dispensa explicações. O primeiro álbum dos Klaxons é recheado de temas de ficção científica hard e um pouco de Thelema também. É, eu sei que eu já recomendei os Klaxons no post de The Filth, que é uma HQ de ficção científica insana do Morrison. Mas não foi o Arthur C. Clarke quem disse que “Qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistinguível de magia“? Touché!
- Def FX – (I’ll Be Your) Majick – Essa banda australiana é cheia de diversas influências, que vão do eletrônico noventista a guitarras de metal, passando por vocais de Riot Grrls dos anos 90, carregado de psicodelia, rock industrial e… bem, ouçam e tirem suas próprias conclusões sobre esse som anárquico. Apesar da palavra “Majick” estar grafada de forma diferente do termo cunhado por Crowley, não há dúvidas quanto à referência, concordam?
E, claro, não posso deixar JAMAIS de citar onde a influência de Aleister Crowley mais se faz sentir na cultura popular brasileira, embora as gerações mais novas não façam idéia disso: As letras das músicas de Raul Seixas! O roqueiro baiano, em parceria com nosso Constantine tapuia, o “mago” Paulo Coelho, não compuseram uma, nem duas canções baseadas na filosofia Thelêmica, mas VÁRIAS! Entre elas, Sociedade Alternativa, Novo Aeon e A Lei.
Excluindo-se o aspecto da Magia, para o benefício dos céticos, Aleister Crowley, para além de qualquer julgamento moralista, seja sob o padrão moral de seu tempo ou dos dias de hoje, estava décadas à frente do tempo em que viveu e personificou o pioneiro em várias atitudes e conceitos que seriam posteriormente associados a diversos movimentos ao longo dos séculos XX e XXI, como a afronta a valores pequeno-burgueses típica do punk; a auto imagem como sendo a própria obra do artista, uma característica de diversos performers contemporâneos; o advento do acesso da Ioga às massas; a liberação sexual, que eclodiu décadas após a morte de Crowley e reverbera até os dias de hoje. Aleister Crowley parece realmente ter sido o precursor de novos valores, de uma maré de mudança pela qual a humanidade vai passar, e que parece estar cada vez mais próxima. Ele bem que nos avisou…
E finalizando, não poderia deixar de citar os teoremas! Dentro da filosofia Thelêmica, foram elaborados certos teoremas para a prática da Magia. Esses teoremas, expostos de forma clara e sucinta, são um dentre as muitas pequenas revoluções que o inglês provocou no ato de se praticar Magia. Que tal experimentá-los? Verdadeiras palavras mágicas. Comentem lá embaixo como foram suas invocações a Glycon, Asmodeu e Choronzon hehehehe…
TEOREMAS:
1. Todo ato intencional é um Ato Mágico.
2. Todo ato bem sucedido obedeceu ao postulado.
3. Todo fracasso prova que um ou mais dos requisitos do postulado não foram preenchidos.
4. O primeiro requisito para se causar qualquer mudança é preenchido através do entendimento qualitativo e quantitativo das condições.
5. O segundo requisito para se causar qualquer mudança é a habilidade prática de direcionar corretamente as forças necessárias.
6. “Todo homem e toda mulher é uma estrela”.
7. Todo homem e toda mulher têm um curso, dependendo parcialmente de si próprios e parcialmente do ambiente, curso esse que é natural e necessário para cada um. Qualquer pessoa que seja forçada para fora de seu próprio curso, quer através do não entendimento de si própria, ou por meio de oposição externa, entra em conflito com a ordem do universo e, assim, sofre.
8. Um homem cuja vontade consciente esteja em choque com a Verdadeira Vontade está desperdiçando sua força. Ele não pode esperar influenciar o seu ambiente eficientemente.
9. Um homem que esteja realizando a sua Verdadeira Vontade tem a inércia do Universo a lhe assistir.
10. A Natureza é um fenômeno contínuo, apesar de nós não sabermos, em todos os casos, como as coisas são conectadas.
11. A Ciência nos capacita a tomar vantagem da continuidade da Natureza, pela aplicação empírica de certos princípios, cuja interação envolve diferentes ordens de idéias, conectadas entre si de uma maneira além de nossa atual compreensão.
12. O homem é ignorante da natureza de seu próprio ser e poderes. Mesmo a idéia que ele próprio tem sobre suas limitações é baseada na experiência passada, e, em seu progresso, todo passo estende seu império. Não há, portanto, razão alguma para que se assinalem limites teóricos para o que ele possa ser, ou para o que ele possa fazer.
13. Todo homem está mais ou menos ciente de que sua individualidade compreende diversas ordens de existência, mesmo quando ele acredita que seus princípios mais sutis são meramente sintomas de mudanças ocorridas no seu veículo grosseiro. Pode-se assumir que uma ordem similar seja estendida a toda a natureza.
14. O homem é capaz de ser e de usar tudo aquilo que ele percebe, pois tudo o que ele percebe é, de um certo modo, uma parte do seu ser. Ele pode, assim, subjugar todo o Universo do qual ele esteja consciente à sua Vontade individual.
15. Toda força no Universo é capaz de ser transformada em qualquer outro tipo de força, através do uso dos meios adequados. Há, portanto, um suprimento inexaurível de qualquer tipo particular de força de que venhamos precisar.
16. A aplicação de qualquer força afeta todas as ordens de existência que há no objeto ao qual é aplicada, quaisquer dessas ordens sejam diretamente afetadas.
17. Um homem pode aprender a usar qualquer força de modo a servir a qualquer propósito, tirando vantagem dos teoremas acima.
18. Ele pode atrair a si mesmo qualquer força do Universo, tornando-se um receptáculo apropriado a ela, estabelecendo uma conexão com ela e arranjando condições tais que a natureza dela a compila a fluir até ele.
19. O senso do homem acerca de si próprio, como separado de, e oposto a, o Universo, é uma barreira para que ele conduza as correntes universais. Isto o deixa ilhado.
20. O homem somente pode atrair e empregar as forças para as quais ele esteja realmente preparado.
21. Não há limites para o número de relações de qualquer homem com o Universo em essência; pois, tão logo o homem se torne uno com qualquer idéia, os meios de medida deixam de existir. Mas o seu poder para utilizar essa força é limitado por sua força e capacidade mentais, bem como pelas circunstâncias de sua condição humana.
22. Todo indivíduo é essencialmente suficiente para si mesmo. Mas ele é insatisfatório para si mesmo, até que estabeleça a sua relação correta com o Universo.
23. Magia é a Ciência de entender-se a si próprio e suas condições. É a Arte de aplicar este entendimento à ação.
24. Todo homem tem o direito incontestável de ser o que é.
25. Todo homem deve fazer Magia cada vez que ele age, ou mesmo pensa, posto que um pensamento é um ato interno, cuja influência acaba afetando a ação, mesmo que não seja assim naquele momento.
26. Todo homem tem um direito, o direito à autopreservação, a completar-se ao máximo.
27. Todo homem deveria fazer da Magia a chave mestra da sua vida. Deveria aprender suas leis e viver por elas.
28. Todo homem tem o direito de preencher a sua própria vontade sem ter medo de que isto possa vir a interferir com a vontade dos outros; pois se ele estiver em seu próprio lugar, será culpa dos outros, se interferirem com ele.