Resenha Relâmpago: AS GRANDES AVENTURAS DE TEX VOL. 2: ENTRE DUAS BANDEIRAS

Neste segundo volume da coleção, temos um padrão definido no que tange à forma como a história é contada: Em flashbacks. Tex encontra um amigo chamado Dick Furacão e na mesa do bar relembra histórias do passado, E TOME HISTÓRIA neste volume! Aqui é narrado um momento em que Tex teve que escolher um lado na Guerra Civil Norte Americana, também conhecida como Guerra da Secessão. Uma guerra que definiu os rumos desta nação e dividiu o pais entre nortistas (abolicionistas) e sulistas (confederados). Antes que a trama comece, Júlio Schneider (Editor lendário de Tex) explica que há um paradoxo envolvido na cronologia de Tex, e referendado por nada mais nada menos que o próprio Sergio Bonelli (O filho do homem e historiador Texiano). É o seguinte: Nos primórdios das histórias de Tex, uma das histórias (Os Chacais do Kansas – Tex em Cores Nº 12) faz menção a essa guerra fratricida na qual Tex resume sua posição de não querer participar desta guerra porque não interessa. Então como depois de um tempo Tex senta à mesa de um bar para falar que teve um papel decisivo nesta contenda? Sergio filho explica que seu pai escrevia histórias sem se preocupar com uma cronologia do personagem. Então, como o cara tem crédito no que faz, a gente deixa passar essa ;>) .

FOTO 1: Tex reencontra Dick Furacão numa briga de bar.

Sobre uma montanha de batatas fritas ao estilo cowboy, Tex narra esse decisivo momento da história americana. Como Tex, um sulista do Texas (Óbvio, não?), iria se unir aos nortistas por achar que nenhum homem deveria ser escravo? Um dilema ético ao qual nosso mocinho fez bem a sua escolha. Então Tex tem que ficar contra o povo de sua região por este motivo. A partir das palavras de um moribundo nortista, Tex dá sua palavra de que transmitirá uma mensagem de urgência ao comando militar do norte. Aí tem início sua participação nesta contenda. Ao levar a mensagem e trocar dedos de prosa com um dos generais, Tex, junto de seu amigo Dick Furacão, aceita tornar-se um batedor para o exército nortista. Naquilo que parecia ser uma missão um tanto fácil para Tex, por conhecer a região sulista como a palma da mão, ele acaba por se deparar com combates terríveis de guerra, o que o faz engajar-se cada vez mais na batalha e a ter participações bem relevantes, inclusive estrategicamente. A costumeira sagacidade de nosso protagonista faz com que ele e seu amigo, usando apenas astúcia e perícia, consigam debelar os planos dos inimigos, quase que antecipando as ações dos confederados. Tex age como um exército de um homem só e consegue debelar inúmeros esquadrões, meio que limpando terreno para a cavalaria nortista, que ao avançar já encontrava o caminho livre. Tex não se sujeitava apenas a informar e transmitir mensagens, ele também agia. Pior para os inimigos, é claro.

FOTO 2: Tex Batedor
FOTO 3: Sagaz

Mas toda guerra tem seu preço e quando Tex presencia a morte de um amigo que tinha se alistado do lado dos confederados, ele jura que nunca mais irá participar desta guerra insana que joga americano contra americano. As cenas de selvageria já para o final desta edição fazem o leitor pensar nos horrores que uma guerra pode trazer e o quanto isso mexeu com Tex. As pessoas se alistavam para lutar nesta guerra somente por serem sulistas e achar que o povo do norte não deveria se meter nas suas terras, enquanto que os abolicionistas tinham uma missão humanitária de libertação dos escravos, uma posição ideológica definida. Essa guerra deixou profundas marcas na história norte-americana, e ainda hoje se reflete numa questão racial bem emblemática nesta nação que ainda é duro de engolir. Essa era a mentalidade dos confederados, que os escravos continuassem escravos e que reverbera até hoje nessa questão racial. Bonelli traz em seu texto uma fidelização dos livros de histórias norte-americanos (Estudioso que era do assunto), esta HQ é uma boa oportunidade de usar a 9º arte como fonte histórica deste importante conflito.

FOTO 4: A morte do amigo.

A HQ é de alto padrão de qualidade, conta com uma lombada que irá formar um mosaico (Aquilo que todo lombadeiro quer) e tem um preço bastante acessível para a quantidade de histórias que temos para ler. As aventuras de Tex são empolgantes, recheadas de ação e aventura ao melhor estilo Texiano. Empolga demais o leitor ao ponto de te arrancar aquele sorriso dos lábios, essa é uma emoção pessoal que sinto e certo de que todo fã ávido do personagem vai me entender.

FOTO 5: O sofrimento no rosto de Tex diz muito sobre o recado. Emblemático.

Texto por Conde.

Editora Mythos.
320 páginas. Capa Dura, formato fumetti, papel off-set.
Preço de Capa R$ 47,90

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Minuteman ZN
De vez em quando, um minuteman convidado aparece aqui na Zona Negativa para resenhar um quadrinho, ou para publicar a próxima matéria que irá, por fim, explodir sua cabeça, subverter a realidade e nos levar ao salto quântico para o próximo nível dimensional. Não sabemos exatamente quem são essas pessoas, a não ser que elas abram mão do anonimato e decidam assinar seus verdadeiros (??) nomes ao final do texto. Mas francamente, 'quem' elas são não é o preocupante. Preocupe-se com as palavras delas, que rastejam lentamente para dentro da sua cabeça. Todos são minutemen. Ninguém é minuteman.
O grande irmão está de olho em você. Aprenda a ser invisível.

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