No mês de agosto, a Panini trouxe Cavaleiro Branco, a aclamada mini série em oito partes produzida pelo popular desenhista/roteirista Sean Murphy. O formato mensal tem boa qualidade gráfica, capa cartonada e papel couché, indo na esteira de Grandes Astros Batman de Scott Snyder, lançado da mesma maneira.
Na história de Murphy, magistralmente colorida pelo veterano Matt Hollingsworth, inversões de papéis e um chute no traseiro do status quo do personagem são vistos logo nas primeiras páginas. O recuperado Coringa é agora um figurão da cidade que atende pelo nome Jack Napier (nome verdadeiro do Coringa de Jack Nicholson no filme de Tim Burton) e Batman está preso no Asilo Arkham. Acontecimentos de um ano atrás mostram um Batman totalmente surtado e inconsequente surrando um indefeso Coringa impiedosamente na frente de todos. A população de Gotham, a mídia, a força policial e os próprios aliados começam a questionar fortemente o vigilantismo do homem morcego. Nessa primeira edição, perguntas sobre como Batman perdeu sua bússola moral e a recuperação do Coringa, que iniciou o processo que levou a prisão de Batman, começam a ser respondidas.
A idéia por trás de Cavaleiro Branco não é totalmente inédita, mas Murphy utiliza com sagacidade toda a liberdade que histórias fora da cronologia dão, criando uma abordagem e desenvolvimento para trama que deixam boas impressões nessa primeira edição.
Histórias clássicas do homem morcego não são esquecidas e já é possível identificar reverências a Piada Mortal e Asilo Arkham, em cenas que rendem bons diálogos onde Batman e Coringa discutem o relacionamento entre eles, o impacto que as ações de ambos tem em Gotham e como um não existiria sem o outro. Já o Batman protofascista inicialmente apresentado por Murphy e a utilização da mídia como recurso narrativo, remetem imediatamente a Cavaleiro das Trevas de Frank Miller.
A arte de Murphy mantém o alto padrão de qualidade de outras obras como Punk Rock Jesus, Hellblazer – Cidade dos demônios e Joe, o bárbaro. Os designs de personagens, uniformes e principalmente do batmóvel são uma atração a parte na Gotham elaborada por ele.
Apesar da tarefa ingrata de acompanhar algum título em banca atualmente devido a péssima distribuição, não deixe de dar uma chance a Cavaleiro Branco se tiver oportunidade, um projeto ambicioso de um baita artista que mostrou ao que veio logo na primeira edição.
Editora Panini
Compila a edição #1 de Batman: White Knight
Capa cartonada, 28 páginas, R$7,50