Resenha Relâmpago: CAVALEIRO DA LUA VOLUME 8

Essa fase do personagem continua a surpreender no desenvolvimento do que um dia já foi zoado como “O Bátemã de branco da Marvel”. O Cavaleiro da Lua tem aqui o melhor tratamento que eu já vi algum roteirista dar ao personagem desde aquele curto e explosivo run de Warren Elis poucos anos antes. Eis que você está nas primeiras páginas e dá de cara com uma referência à melhor sitcom de todos os tempos, Seinfeld (se você respondeu Friends, QUEIME!), assim, do nada! Esse é Max Bemis e seu senso para contar a história em conformidade não só com o Universo Marvel, mas com a cultura pop.

O roteirista segue também inserindo retcons que só fazem Marc Spector (ou Jake Lockley, ou Steven Grant, como queiram) ganhar mais e mais profundidade como personagem, explorando seu transtorno mental com criatividade. Bemis introduz um perturbador antagonista na galeria do Cavaleiro da Lua: O Coletivo, uma entidade formada por um grupo de pessoas, que vem englobando cada vez mais vítimas em seu interior. É nesta vasta paisagem de mentes conjugadas que Spector luta para restituir a normalidade aos inocentes e salvar (de novo) Nova York e o mundo.

Destaque para as sensacionais batalhas que o Cavaleiro da Lua trava nessa psique coletiva, em uma sequência de 4 quadrinhos dispostos ao longo de duas páginas. Nas mãos de um roteirista menos talentoso cada um desses quadros renderia uma única edição rasa de 24 páginas com início, desenvolvimento e conclusão, mas Bemis resolve tudo de forma enxuta e bem humorada e continua a aproveitar o espaço da publicação para desenvolvimento dos personagens, engrossado a trama até sua conclusão com um gancho bacana no final.

Na sequência o Cavaleiro da Lua vai à caça de uma sociedade secreta de sádicos e acaba por se defrontar com um fantasma de seu passado (o retcon lá do começo, lembram?). O Cthulhu de H. P. Lovecraft dá as caras novamente em uma sequência lisérgica onde Mark, drogado por seu inimigo, vislumbra monstros por toda a cidade, entre eles o nosso deus ancestral cara-de-polvo favorito. Bemis deve ser cultista, pra ficar assim jogando o Chululu nas histórias só porque sim rs. Infelizmente nem tudo são vivas: A conclusão desse run é bastante apressada, e ler as últimas seis páginas do encadernado passa a impressão de que alguma decisão editorial obrigou o roteirista a encerrar tudo e amarrar pontas soltas muito às pressas.

A arte das edições desse encadernado se dividem entre o competente veterano Ty Templeton, o já conhecido Jacen Burrows do volume anterior e Paul Davidson, cujo traço lembra bastante o de Kyle Hotz, seja para o bem ou para o mal rs. Além disso, na última edição do encadernado, que corresponde ao número 200 lá fora, temos ilustrações de Jeff lemire e Bill Sienkiewicz inseridas na história. Só a dona Marvel sabe o que está reservado para o personagem daqui pra frente… ou nem mesmo ela rs.

No balanço final, o run de Bemis foi uma boa surpresa que rendeu ótimas histórias após a fase de Jeff Lemire, que gerou altas expectativas mas acabou sendo um tanto longa demais. Olho no Bemis, galerinha. Nos próximos trabalhos dele vamos ver se o cara é promissor mesmo ou se esses roteiros foram apenas uma fortuita bênção de Konshu…

Eduardo Cruz (eduardo_cruz80)

Editora Panini
Compila as edições da série Moon Knight #194 a #200
Capa cartonada. 160 páginas. R$25,90

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Eduardo Cruz
Eduardo Cruz é um dos Grandes Antigos da Zona Negativa, ou sejE, um dos membros fundadores, e decidiu criar o blog após uma experiência de quase-vida pela qual passou após se intoxicar com 72 tabletes de vitamina C. Depois disso, desenvolveu a capacidade de ficar até 30 segundos sem respirar debaixo d’água, mas não se gaba disso por aí.

Ele também tem uma superstição relacionada a copos de cerveja cheios e precisa esvaziá-los imediatamente, sofre de crises nervosas por causa da pilha de leitura que só vem aumentando e é um gamer extremamente fiel: Joga os mesmos games de Left For Dead e Call of Duty há quase 4 anos ininterruptos.

Eduardo Cruz vem em dois modos: Boladão de Amor® e Full Pistola®.

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