“Para os Juízes de Mega-City Um, não existe paz na Terra aos homens de boa vontade. A lei deve ser aplicada… sem concessões, sem perdão… 365 dias por ano.” 💥🔫
Já que relembrar é viver, nada como revisitar o especial de natal da saudosa revista mensal de Dredd, o único juiz fascistinha que curtimos aqui na Zona. Em uma vasta metrópole pós-apocalíptica, lar de 400 milhões de habitantes com níveis altíssimos de desemprego e tédio generalizado, cada cidadão é um criminoso em potencial e cabe aos Juízes conter as tensões a flor da pele e evitar que tudo não mergulhe em um caos permanente. E para isso, esses homens da lei do futuro são juízes, júri e executores. Nem precisa dizer que Dredd é mais durão deles.
Nas histórias do nosso dogmático juiz, alternam-se situações extremas de ameaça ao status quo da cidade, investigação e captura das mais variadas estirpes de criminosos, ou até mesmo tramas onde Dredd é apenas um coadjuvante de luxo nas histórias da vida mundana de cidadãos, que acabam se metendo em encrenca e cruzando seu caminho. Sempre transbordando ácidas críticas sócio-político-culturais com o típico humor inglês satírico, somado a um viés pessimista que inquieta ao mesmo tempo que te faz querer ler mais. Todos esses elementos e mais podem ser conferidos na seleção de histórias autocontidas nesse especial de natal lançado em 2013.
Destaque para “Escolha o seu natal”, escrita por Al Ewing e arte de John Higgins em que a narrativa é planejada no melhor estilo Livro jogo de RPG, após um cidadão ter um estranho acidente no trabalho e começar a ouvir uma voz de narrador que o manda fazer escolhas como se estivesse numa aventura solo de um desses livros de Steve Jackson, e o leitor deve fazer as escolhas pelo protagonista guiando-o na própria história.
Em “Eu odeio o natal”, Mark Millar e o co-criador de Dredd, a lenda Carlos Ezquerra, narram uma frenética noite de véspera de natal em que Dredd patrulha a cidade e precisa lidar com o peculiar espírito natalino da Megona.
Garth Ennis e novamente Ezquerra homenageiam Charles Dickens e seu “Um Conto de Natal” da maneira mais “Juiz Dreddzisticamente” possível.
Em mais outros dois contos de natal de John Wagner, o outro pai de Dredd, vemos que piedade, amor e bondade não valem de muita coisa na selva urbana de Mega-City Um. Manter a lei e a ordem está acima de tudo e de todos.
Como diria o próprio Juiz Dredd: “O natal deixa as pessoas insanas. Seria melhor se nós o proibíssemos”
Editora Mythos
Compila edições variadas da Judge Dredd Megazine e 2000 AD
Lombada grampeada, R$10,90, 68 páginas