Resenha Relâmpago: DYLAN DOG NOVA SÉRIE #1 – A DESPEDIDA

Com a publicação de Mater Dolorosa no ano passado, a Mythos sinalizou aos fãs que tinha interesse em publicar as histórias mais atuais do nosso querido investigador do pesadelo. Mas como fazê-lo, com as enormes lacunas de histórias clássicas a serem preenchidas no Brasil? O bom desempenho das vendas desde o relançamento pela editora, garantiu a possibilidade de colocar mais uma série nas bancas, e aqui temos a primeira edição da nova série, com histórias publicadas na Itália a partir de 2014 com o editor Roberto Recchioni, também roteirista de Mater Morbi e Mater Dolorosa. O editor foi escolhido pela Bonelli em 2013 para iniciar um processo de mudanças no personagem que visariam atualizá-lo para os novos tempos. Em Mater Dolorosa (DD #361), que fica cronologicamente a frente das edições que serão lançadas nessa nova série, vimos um retcon na origem de Dylan. Na primeira edição da nova série da Mythos (DD #338), o recado ao leitor de que mudanças significativas estão por vir já é dado na primeira página.

Inspetor Bloch, amigo de longa data de Dylan, consegue sua tão merecida e desejada aposentadoria. A Scotland Yard o aposenta por idade e sem honrarias, já que nunca manteve uma boa reputação com o alto escalão devido a sua amizade com Dylan Dog. Pego de surpresa, o agora ex-inspetor precisa se adaptar a uma nova rotina, encarar o medo da mudança e decidir como vai levar a vida. Dylan Dog, um sujeito que sempre foi averso a mudanças, também enfrenta dilemas parecidos com a perda de seu principal contato na polícia, que inúmeras vezes o ajudou a resolver os casos mais macabros. Em meio a tudo isso, mais um caso bizarro. Casos seria mais adequado. O equilíbrio entre a vida e a morte desaparece e as pessoas simplesmente não morrem por piores que sejam suas condições. Onde estará a Morte, velha conhecida do investigador do pesadelo? A cidade fica caótica e Dylan precisa lidar com mafiosos irlandeses vivos e desmortos no seu encalço. E sem a ajuda de Bloch, tudo parece ainda mais caótico e confuso. E um tanto mórbido.

O roteiro é de Paola Barbato, veteraníssima em Dylan Dog e os desenhos são de Bruno Brindisi, também experiente na série e que ganhou mais ainda meu respeito ao aproveitar o teor da história para homenagear na capa dessa edição, a clássica ilustração de John Romita para a capa de Homem Aranha Nunca Mais. A arte interna é excelente e o roteiro de Paola nos brinda com um bom desenvolvimento da trama, reviravoltas bem executadas e muita habilidade para narrar esse marco na história desses personagens.

São tempos felizes para Dylan Dog em terras tupiniquins. A dobradinha das histórias clássicas com as mais atuais, agrada velhos e novos leitores em um esquema igual ao feito pela Panini com Hellblazer, que vem dando certo. Lacunas vão sendo fechadas. Já a vida nas novas aventuras segue em constante movimento com mudanças radicais chegando, e Dylan Dog irá encará-las como qualquer um de nós, com resistência e muitos receios. Investigador do pesadelo ou não, ninguém está livre do mais forte e antigo de todos os medos, o medo do desconhecido.

Editora Mythos
Capa cartonada
Compila a edição #338 de Dylan Dog, 116 páginas, P&

Reinaldo Almeida Jr
Reinaldo Almeida Jr, também conhecido como Ray Junior, é narrador de RPG, leitor inveterado e um apaixonado por quadrinhos que anseia fundar seu próprio clube da luta de cultistas a deuses lovecraftianos, viajar pelo multiverso em busca de suas outras versões de terras paralelas para lhes contar que nada é verdadeiro e tudo é permitido, dando início a revolução invisível que nos elevará a quarta dimensão.

Deixe um comentário