Resenha Relâmpago: HELLBOY E O B.P.D.P. – 1953

Para quem se sentiu órfão quando Mike Mignola matou sua criação máxima, mandando Hellboy para o inferno, no que o próprio autor disse ser a fase final nas histórias do personagem, muita gente se desesperou (inclusive eu!) com a possibilidade de que fosse o fim das histórias curtas mostrando as missões de Hellboy ao redor do mundo combatendo monstros e toda a deliciosa brincadeira que Mignola costumava tecer com o folclore local dos países onde ele ambientava as histórias. Estas mini séries de “Hellboy e o B.P.D.P.” são a resposta de Mignola a nós, desesperados, e contam histórias da época em que o Vermelhão ainda era um jovem, impetuoso e descuidado agente do recém-fundado Bureau de Pesquisa e Defesa Paranormal, e a coroa de fogo ainda não pesava sobre sua cabeça. A carga de trabalho de escrever mais de uma série ao mesmo tempo seria complicado para Mignola, o que levou o autor a uma parceria com Chris Roberson, criador da HQ iZombie (Vertigo), e o cara – fã de Hellboy – não fez feio! Roberson acerta o tom na mosca, e o leitor desavisado pode achar que está lendo uma história de Mignola, lá da “Época de Ouro” de Hellboy, dos arcos mais leves, pré “A Caçada Selvagem”, história que iniciou um ciclo mais sombrio na cronologia de Hellboy e que acabou por culminar com a morte do personagem. “Em alguma aventura passada, Hellboy mencionou um período muito feliz que ele e Trevor Bruttenholm passaram na Inglaterra, caçando fantasmas ou coisa parecida. Eu queria muito contar essa história, mostrar aos leitores os profundos laços afetivos entre o professor Broom e o HB (uma genuína relação de pai e filho). Para a minha alegria, o momento chegou.”.

Ok, tranquilizados quanto ao roteirista, vamos à arte: apesar de serem bem diferentes entre si, os artistas de cada história matam a pau! Ben Stenbeck (de Baltimore e Sir Edward Grey – Witchfinder, Frankenstein: Entre o Céu e o Inferno) tem um traço muito limpo e detalhado, e nota-se que ele estudou rigorosamente para criar a melhor ambientação possível nas histórias que ilustrou, como se pode ver nos estudos que vêm nos extras no final da HQ. Michael Walsh não deixa a peteca cair em sua história, compondo páginas bem estruturadas, enquadramentos a serviço da narrativa, enfim, o necessário para acrescentar mais uma ótima história curta ao cânone de Hellboy. Se não impressiona aos mais exigentes, ao menos não afunda o barco. Por fim, temos Paolo Rivera (Demolidor), ganhador do Eisner, que junto ao sei pai, Joe Rivera, dispensam maiores apresentações e entregam uma arte magnífica, com monstros incrivelmente repugnantes e um clímax de fazer a respiração parar. Nota dez pra os novatos no universo de Hellboy que deram a cara a tapa aqui! Todas as HQs do encadernado foram coloridas pelo legendário Dave Stewart, que trabalha com Hellboy desde sua criação, então percebe-se que esse profissional incrível se adaptou ao traço de cada artista e manteve a paleta íntegra e constante. É tanta competência que não sei nem como lidar rs.

Como Mignola já disse antes, ele pretende explorar todos esses “anos perdidos”, até chegar ao ano de 1994, quando foi publicada a mini série de estréia do Hellboy, “Sementes da Destruição”, criando assim duas linhas de publicação: No presente, com Hellboy explorando as paragens infernais, e no passado, nestas histórias de flashback. Lá fora já foram publicadas as histórias correspondente ao ano de 1956, então calculem quantas daquelas missões curtinhas, aterrorizantes, divertidas e sem carga cronológica ainda podem ser contadas, ano a ano. Não sei vocês, mas isso sempre põe um sorriso no meu rosto quando penso a respeito heheheheh…

Compila as edições Hellboy and the B.P.R.D.: 1953 – The Phantom Hand & The Kelpie, Hellboy and the B.P.R.D.: 1953 – The Witch Tree & Rawhead and Bloody Bones, Hellboy Winter Special e Hellboy and the B.P.R.D.: 1953 – Beyond The Fences.
172 páginas. Capa dura.
R$ 69,90

Eduardo Cruz
Eduardo Cruz é um dos Grandes Antigos da Zona Negativa, ou sejE, um dos membros fundadores, e decidiu criar o blog após uma experiência de quase-vida pela qual passou após se intoxicar com 72 tabletes de vitamina C. Depois disso, desenvolveu a capacidade de ficar até 30 segundos sem respirar debaixo d’água, mas não se gaba disso por aí.

Ele também tem uma superstição relacionada a copos de cerveja cheios e precisa esvaziá-los imediatamente, sofre de crises nervosas por causa da pilha de leitura que só vem aumentando e é um gamer extremamente fiel: Joga os mesmos games de Left For Dead e Call of Duty há quase 4 anos ininterruptos.

Eduardo Cruz vem em dois modos: Boladão de Amor® e Full Pistola®.

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