Resenha Relâmpago: NEUROCOMIC – A CAVERNA DAS MEMÓRIAS

Em um passado distante, na faculdade, tive contato com uma matéria que se tornou minha favorita de todas, pelo tempo que cursei, até mais divertida do que os experimentos com os ratinhos: Neuroanatomia. 

Por dois semestres aprendi, com dois excelentes professores, sobre sinapses, neurotransmissores, lobos cerebrais, circunvoluções, dopamina, serotonina, sistema límbico, tronco encefálico, etc… Não me sentia tão envolvido e atraído por um assunto desde o ensino médio, com as aulas de geopolítica que nosso professor ministrava de forma tão incrível. Tudo em Neuroanatomia parecia interessante, as aulas pareciam frustrantemente curtas e dali aumentou meu fascínio por esse supercomputador que carregamos dentro da caixa craniana. Por isso, mesmo sem nunca ter ouvido falar dessa graphic novel, quando a Darkside Books anunciou Neurocomic – A Caverna das Memórias, tive que dar uma conferida. O resultado é bem maneiro pra quem se interessa pelo assunto.

Essa HQ tem um diferencial bem respeitável a seu favor: É produzida por uma neurocientista, a Dra. Hana Roš, e um ilustrador científico formado em Neurociência, o Dr. Matteo Farinella (e sim, eles são doutores DE VERDADE, não são como aqueles adEvogados de porta de cadeia que conhecemos por aí, a um real a dúzia…). A história narra, em tons de fábula, num clima de Alice no País das Maravilhas, o funcionamento do cérebro humano em seu nível mais elementar. Como os neurônios trabalham, como se processa a memória, como os neurotransmissores operam no funcionamento cerebral, tudo isso com várias participações especiais, de pioneiros da neurociência relatando e comparando suas descobertas entre si, para deleite e esclarecimento do leitor. Acompanhamos o protagonista através de florestas de neurônios, Cavernas de memórias e castelos de ilusão, metáforas e analogias redondinhas e perfeitamente compreensíveis tanto para o público juvenil e adulto. O resultado é uma jornada divertida e instrutiva, onde desvendar os processos da mente humana se torna tão simples quanto ler um gibi. Poucas pessoas conseguem transmitir conhecimento, ainda mais conhecimento assim complexo, de forma tão simples e direta.

Neurocomic consegue a façanha de ter leveza na mesma proporção em que transmite conhecimento, sem perder a faceta lúdica, um pouco do funcionamento da máquina mais incrível do planeta Terra, e que alguns teimam em fazer mau uso defendendo idéias imbecis como Terra plana, ou taxando nazismo como sendo de esquerda, ou chamando velhos desequilibrados de “mito” e outras coisas lamentáveis. O equipamento é sem dúvida fantasticamente incrível, mas parece que 90% dos usuários só faz besteira com ele, confundindo massa encefálica com massa fecal…

144 páginas. Capa Dura. R$ 54,90

Eduardo Cruz
Eduardo Cruz é um dos Grandes Antigos da Zona Negativa, ou sejE, um dos membros fundadores, e decidiu criar o blog após uma experiência de quase-vida pela qual passou após se intoxicar com 72 tabletes de vitamina C. Depois disso, desenvolveu a capacidade de ficar até 30 segundos sem respirar debaixo d’água, mas não se gaba disso por aí.

Ele também tem uma superstição relacionada a copos de cerveja cheios e precisa esvaziá-los imediatamente, sofre de crises nervosas por causa da pilha de leitura que só vem aumentando e é um gamer extremamente fiel: Joga os mesmos games de Left For Dead e Call of Duty há quase 4 anos ininterruptos.

Eduardo Cruz vem em dois modos: Boladão de Amor® e Full Pistola®.

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