Resenha Relâmpago: SUPERMAN 80 ANOS – ACTION COMICS ESPECIAL

Vede, eu anuncio-vos o Super-homem: É ele esse raio, é ele esse delírio.”
– Friedrich Nietzsche, “Assim falou Zaratustra”

O maior super-herói de todos os tempos recentemente fez 80 anos e alcançou um grande marco. Foram mil edições da revista mensal Action Comics, com a primeira sendo publicada em 1938. E para a ocasião, alguns dos grandes artistas que trabalharam com o Homem de aço foram convidados para homenagear o gibi que fez surgir as histórias de super-heróis. Na edição nacional, além do primeiro número de Action Comics pelos criadores Jerry Siegel e Joe Shuster, temos 10 histórias curtas pelas mãos dessas equipes criativas. Temos também a primeira história de Brian Michael Bendis, onde já podemos identificar um pouco do direcionamento que o novo roteirista quer dar ao personagem.

Dessas histórias curtas, destaco três como as minhas favoritas. Em “Carro”, Geoff Johns e Richard Donner se juntam novamente para contar a história que dá sequência aos acontecimentos da capa de Action Comics 1, com a arte magnífica de Olivier Coipel. Na emocionante “Do amanhã” escrita por Tom King e desenhada por Clay Mann, Superman visita a Terra cinco bilhões de anos no futuro, desabitada e prestes a deixar de existir devido a expansão solar. Em frente ao inevitável e necessário fim, ele se despede pela última vez de seus pais. Já em “Mais rápido do que uma bala” de Brad Meltzer e John Cassaday, Superman precisa impedir um disparo fatal contra um refém. E para evitar isso, além de forçar sua super velocidade ao limite, vai precisar de uma ajuda inspiradora.

No livro Superdeuses de Grant Morrison, ele observa que o Superman foi uma idéia poderosa desde sua criação. Em seu cerne as características de herói do povo, o contraponto a qualquer tipo de opressão e desumanização, a projeção dos nossos eus mais inspirados, mais gentis, mais sábios e mais fortes. Um símbolo inspirador que nos guiará pelos dias mais nebulosos. Pensando em todas as transformações que o personagem sofreu durante essas oito décadas, esse conjunto de características como suas qualidades essenciais persistem em qualquer versão, algo que sempre é Superman. Na verdade, é como se ele fosse mais real do que nós.

Analisando o resultado geral desse marco comemorativo do personagem, sinto falta de alguns nomes de artistas que contribuíram enormemente com histórias do Homem de aço. Autores como Mark Waid, Lee Weeks, John Byrne, Joe Kellly, Jeph Loeb, Alex Ross e o próprio Grant Morrison. Mas nada na vida é do jeito que queremos e não discordo da escolha de nenhuma das equipes criativas. Todos têm seus nomes marcados na mitologia do Superman e é nítido o respeito pelos ideais que ele representa. Por isso, apesar da qualidade alternar entre uma história e outra, digo que Action Comics 1000 tem um resultado final satisfatório e cumpre bem as expectativas. Certo é que apesar dos oitenta anos, nosso querido azulão não envelheceu um dia.

Editora Panini
Compila as edições #1 e #1000 de Action Comics 
Capa cartonada, 132 páginas, R$23,90

Reinaldo Almeida Jr
Reinaldo Almeida Jr, também conhecido como Ray Junior, é narrador de RPG, leitor inveterado e um apaixonado por quadrinhos que anseia fundar seu próprio clube da luta de cultistas a deuses lovecraftianos, viajar pelo multiverso em busca de suas outras versões de terras paralelas para lhes contar que nada é verdadeiro e tudo é permitido, dando início a revolução invisível que nos elevará a quarta dimensão.

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