Resenha Relâmpago: UNIVERSO DC RENASCIMENTO – HELLBLAZER VOLUME 3

Não sei ao certo se foi um rompante de masoquismo ou predileção pelo personagem mas resolvi dar mais uma chance à publicação do Mago Inglês dentro da linha Universo DC Renascimento. A equipe criativa anterior, depois de 12 edições ruins de doer, já havia me tirado qualquer vontade de continuar acompanhando essa encarnação do título Hellblazer. Contudo, como houve uma mudança geral na equipe criativa, lá foi o verme aqui atrás de mais uma Hellblazer pós Vertigo, apesar das tentativas anteriores de reviver a HQ não terem sido nada animadoras… é ou não é vontade de sofrer?

Este volume não chega a ser pior do que o anterior (Diabos, acho que poucas HQs chegam àquele nível!), mas o roteirista Tim Seeley não disse a que veio e entrega dois arcos fracos de doer. O primeiro arco, “Jogo de Inspiração”, traz uma história onde vemos John Constantine como suspeito de um estranho assassinato, envolvendo uma tosca versão de anões da mitologia Nórdica, e com um quê de pretensão ao tentar forçar uma situação de mudança no passado que transforma a realidade de Constantine no presente, colocando-o na mira da Liga da Justiça. Só que a situação toda é tão fajuta que não se sustenta e acaba se esgotando em uma dúzia de páginas, fazendo a história voltar aos trilhos originais, que não era lá grandes coisas…

O arco seguinte, intitulado “A Canção do Bardo”, traz Constantine de volta aos Estados Unidos, mais precisamente em São Francisco, onde ele investiga a morte de um amigo, também praticante de magia. Daí em diante, a história descamba para religiões New Age caricatas, distorções um tanto quanto vergonhosas dos conceitos budistas do pós vida por parte do roteirista e um culto que usa uma arma que mata e conduz suas vítimas diretamente ao Nirvana (Não, não é a banda!). O grupo de magos hippies da comunidade de São Francisco daria um spin off bem mais interessante, apesar de eles também serem bem caricatos. A arte é pouco expressiva, com exceção de Jesús Merino, o único artista aqui com um nível melhor e páginas mais criativas (pero no mucho!). Mas sem um bom roteiro, a DC poderia ter escalado o Jack Kirby com arte final pelo Frank Quitely e continuaria sendo uma HQ daquelas que deixam o leitor pensando “Ninguém vai me devolver os 45 minutos que perdi lendo essa joça…” :>)))

Olha, esse volume me fez ter saudades do tempo em que o pessoal que escrevia Hellblazer mexia com magia de verdade, ou eram vigaristas de verdade, viu? Essas versões água com açúcar pós-Vertigo, que mostram John Constantine como um mago pirotécnico meia-boca e vigarista incompetente que se safa dos perrengues por pura sorte estão cansando. Fica evidente em mais essa tentativa de incorporar o Mago ao Universo DC regular que não basta um maço de cigarros e alguns truques de mágica para fazer um Constantine roots. Dona DC, para que tá feião, vai…

Compila as edições #13 a #18 de Hellblazer.
140 páginas. Capa cartonada.
R$21,90

Eduardo Cruz
Eduardo Cruz é um dos Grandes Antigos da Zona Negativa, ou sejE, um dos membros fundadores, e decidiu criar o blog após uma experiência de quase-vida pela qual passou após se intoxicar com 72 tabletes de vitamina C. Depois disso, desenvolveu a capacidade de ficar até 30 segundos sem respirar debaixo d’água, mas não se gaba disso por aí.

Ele também tem uma superstição relacionada a copos de cerveja cheios e precisa esvaziá-los imediatamente, sofre de crises nervosas por causa da pilha de leitura que só vem aumentando e é um gamer extremamente fiel: Joga os mesmos games de Left For Dead e Call of Duty há quase 4 anos ininterruptos.

Eduardo Cruz vem em dois modos: Boladão de Amor® e Full Pistola®.

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