Após quatro temporadas finalmente se encerra a jornada de Trevor Belmont, Sypha Belnades e Alucard na Netflix, com o fim de Castlevania. Podemos dizer que foi bom? Vamos falar um pouco sobre essa animação roteirizada por ninguém menos que Warren Ellis (Transmetropolitan, Frequência Global).
Em 2017 surgia uma adaptação, em animação, do jogo Castlevania III: Dracula’s Curse, de 1989. Produzido pela Konami, o jogo se baseava na jornada do caçador de vampiros Trevor Belmont, que vinha de uma linhagem famosa nesse sentido. Apesar da alcunha de caçadores de vampiros, a série de jogos nos traz o conceito de Criaturas da Noite, que abrange todo tipo de aberração de Dark Fantasy que você possa imaginar. Então, tanto no jogo quanto na série, Belmont e seus aliados enfrentam desde goblins saltitantes com machados afiados até generais vampiros e múmias intangíveis. Esse conceito torna muito mais fácil trazer uma aventura mais dinâmica pra série e tornar o jogo menos enfadonho e repetitivo.
No entanto esse conhecimento raro e estranho para a maioria da população chamou a atenção da igreja, que a condenou por bruxaria e a queimaram viva. Desnecessário dizer que isso desagradou o Drácula, que foi imediatamente atrás de vingança, jurando de morte cada ser humano da região. Em sua sentença, ele dá um ano para que todos os humanos em Valaquia fujam e salvem suas vidas. Nesse período ele emprega todo seu conhecimento em ciências e magia para construir um exército de criaturas da noite que se alimentam de carne e sangue. Bem, vivemos em 2021 e sabemos como o ser humano é completamente imbecil quando se trata de cumprir algo do qual dependa sua existência. Na animação não é diferente. Todos ignoram o aviso do Conde e depois de um ano, pagam com suas vidas por isso.
Apesar de sua escolha por viver no anonimato, Trevor é pressionado a tomar alguma atitude com a investida de Drácula sobre a região. Em sua jornada ele encontra com os Oradores, um grupo de ocultistas que viajam recolhendo conhecimento e ajudando vilarejos. Com o conhecimento que eles registram, com o passar do tempo, surgiram magos em suas fileiras. Isso fez com que também fossem alvo da igreja, taxados de bruxos nômades. Num ataque de padres a um orador, Trevor acaba se envolvendo com eles e resgatando uma oradora perdida, Sypha Belnades. Ela se mostra a mais poderosa entre eles, tendo domínio sobre magia elemental de água e fogo.
E isso tudo é apenas o início da primeira temporada. Ellis é habilidoso em contar muita coisa em pouco tempo apenas com uma narrativa fluída e bons diálogos. Ele sempre fez isso nas HQs e não mudou nessa nova mídia. Tudo o que você precisa saber sobre os personagens é dito de maneira inteligente, sem diálogos expositivos, num roteiro bem construído pra isso. Fora os personagens que destaquei aqui temos vários outros que vão surgindo com o passar do tempo, afinal de contas são quatro temporadas. Os personagens são bem desenvolvidos tendo aspirações concretas e não fogem delas pra facilitar o andamento da história. E o desenvolvimento dos protagonistas é muito bem feito.
Castlevania é sem sombra de dúvidas uma das melhores coisas que assisti na Netflix até hoje. A arte da animação é boa com ótimas sequências de luta, tão bem feitas que em alguns momentos as peripécias de Trevor com um chicote ou mangual parecem até críveis. A dublagem é ótima. A trilha sonora e a edição de som transmitem bem o clima de dark fantasy que a série merece. Tudo isso entregando um excelente material, repleto de ação e plot twists bem interessantes. Pra quem não jogou os jogos é uma boa animação. Pra quem jogou ela se torna melhor ainda. Resumindo, eu diria que vale muito a pena aproveitar esse período de isolamento social e ficar em casa, cumprindo seu papel cívico em proteger o próximo, bem acompanhado de Trevor, Sypha, Alucard e as Criaturas da Noite.
Texto por Pedro Rodrigues (@prodrigues27)
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