CONTOS DA ZONA: Céu Atômico

O céu atingia uma coloração roxa com traços esverdeados. Desde a hecatombe nuclear, era normal que a radiação causasse efeitos estranhos no céu ao cair da noite.

– A guerra entre as grandes potências mundiais explodiu – explicava um homem negro, com um corte de cabelo quadrado, barba por fazer, óculos escuros redondos, camiseta preta da banda Slayer, jeans e um coturno, para um público de três adolescentes sentados nas pedras do ambiente rochoso em que se encontravam, e continuou – e eu não acredito até hoje que foi por conta de um governante brasileiro que atacou a China em nome de uma família tradicional teoricamente afrontada pela subversão comunista, através de um vírus chinês com nano robôs ativados por 5G.

– Mas Roger, o que diabos era 5G? – perguntou um dos jovens.

– 5G era uma tecnologia de transmissão de dados pela Internet. Vocês lembram que já falamos de Internet né?

– Sim, mas é difícil imaginar como as pessoas se conectavam à distância, enquanto hoje não conseguimos acenar para um indivíduo do outro lado do deserto.

– Estamos desviando do assunto, voltemos a instrução. Mas existia esse negócio de comunismo mesmo?

– Sim, existia e era uma corrente de pensamento econômica diferente da normalmente aplicada ao mundo, mas o comunismo foi apenas uma desculpa para perseguir quem era diferente. Existia um ódio embutido contra a diversidade, que só poderia ser vencido com o amor, mas a sociedade sucumbiu a um instinto animalesco jamais visto. Nem se pode chamar de animalesco, pois tal violência nunca esteve presente entre os animais da selva.

– E pensar que uma bomba atômica na ionosfera ia causar essa bagunça toda…

– Antônio, antes de chegarmos na bomba Russa, temos um longo caminho a percorrer. Voltando, o pensamento ultra conservador foi explorado… – a aula foi interrompida por um trovão que rasgara o céu, que agora atingia a coloração em azul, vermelho e violeta, e anunciava a chuva ácida das 5. – Crianças, continuamos amanhã. Corram para suas tocas, e não comam mais ração do que devem. Nos vemos amanhã!

Jessé Ofício Do Amor
Quem eu sou interessa menos que meus textos, pois em essência, eu sou o que eu escrevo. 27 anos é a minha idade, pois os bons se foram nela, mas o melhor nos deixou aos 33. Com sorte, e se deixarem, eu chego lá também.

Você deve estar confuso a eu fazer uma referência ao cristianismo lendo essa pequena autobiografia, mas cristão de fato eu sou, com todos os meus pecados e os tormentos que escrevo aqui. Mas sou diferente dos convencionais que são respeitáveis publicamente e intimamente, mas que representam o próprio satanás. Eu escrevo coisas normais, que por mais que pareçam sujas, são humanas e verdadeiras.

Um último aviso: Eu não consigo escrever nessa parafernália eletrônica, que até mesmo Neil Gaiman elevou ao status de divindade, por isso só estou publicando agora porque esses degenerados que se afeiçoaram a mim fizeram a caridade de me transcrever aqui.

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