Leitura da Quarentena #17: AS GRANDES AVENTURAS DE TEX Nº 3 – O NAVIO DO DESERTO

Claudio Nizzi (Texto) e Claudio Villa (Desenhos). Uma história de dois Claudios. Não sou um leitor de longa data de Tex, mas quando comecei a colecionar o personagem, eu fui certeiro em pegar a coleção Tex em Cores que reeditava todas as histórias desde o Nº 1. Então, dá para dizer que seguramente eu conheço um pouquinho de Tex, da forma como ele sempre foi escrito ainda pelo pai de todos (Bonelli pai). Dito isto, dá para dizer que poucas foram as vezes que eu li Tex escrito por outra pessoa ou até mesmo desenhado por outro além do Gallepini, e dificilmente consegui ver alcançada a genialidade para contar histórias. Mas aqui é diferente, essa história não só me surpreendeu, como tirou meu fôlego. É sem sombra de dúvidas uma das melhores histórias que eu já li de Tex, fazendo jus ao nome da coleção (Que diga-se de passagem, o material gráfico tá impecável – Até quando? Não sei).

A história gira em torno de uma lenda que assombra os moradores da pacata cidade de Riito. Um Navio encravado no deserto. Oxe, como assim??? Então, segundo conta Júlio Schneider (O Editor Texiano de todos os tempos), Nizzi, pescou a ideia de um romance chamado “Legend of the Damned” de Gordon Donald Shirreffs. A história desse livro narra sobre grandes lagos na região da baixa Califórnia que segundo a lenda, faziam ligação entre os oceanos atlânticos e pacífico (Olha no Google aí, meu!!! rsrs…) e que num tempo não tão distante, um navio encalhou ali. Daí a história de um Navio no Deserto. A aventura traz uma lenda secundária de que aquele que busca o Navio no Deserto tem a morte silenciosa. Mas Tex e Carson, a pedido de um amigo, vão em busca de um desaparecido que estava à procura desse misterioso navio. Tex não é avesso a essas lendas, mas Carson sim, e isso rende alguns bons momentos hilariantes, sendo explorada uma intimidade muito grande entre Tex e Carson, ao ponto de uma piada tirar Carson do sério, mas ainda assim não ao ponto de romper amizades (obviamente, é claro, como gente madura faz!). Nunca vi Carson tão assustando com uma lenda antes.

Agora, aqui vai uma pequena crítica: Nos tempos modernos, é óbvio que não podemos nos deixar levar por uma história na qual grandes lagos faziam a ponte entre o atlântico e o pacífico e que um barco poderia encalhar bem no meio do deserto. A história diz que isso aconteceu num período de tempo bem curto, na qual é permitido a existência de tal barco. Sabemos que pela história do planeta, se algo dessa proporção aconteceu no passado, certamente não foi num tempo tão curto, mas isso é um ponto irrelevante para a história, pois quem escreveu o fez num tempo em que a imaginação ditava os ritmos das histórias, sem se preocupar com fatos científicos e verossimilhança rigorosa. Ora bolas, isso é uma história em quadrinhos ou um relatório técnico-científico?

Falando sobre A Morte Silenciosa e o por que dessa história ser tão aflitiva pra mim. A morte silenciosa nada mais é do que dardos de zarabatana que contém um veneno mortal de ação instantânea produzido pelos índios Pimas. Ahhh, essa história começa a feder, a lenda vira um mito e a realidade começa a aparecer. A morte silenciosa não é um ato assombroso de um navio assombrado por espíritos maus, são seres humanos. Nesse caso, os Pimas, que andam matando gente por aquelas bandas. Mas por que? Pra saber isso você vai ter que ler a história. Mas o interessante é que Tex e Carson são a todo momento confrontados por estes índios Pimas com suas zarabatanas mortais. Se uma dessas acertar, não tem antídoto, e vou te contar, elas passam perto o tempo todo, mas como já é de hábito, Tex e Carson gozam de uma sorte de roteiro que é lendária, os leitores de longa data de Tex hão de concordar. Mas a todo o momento, você pensa, “Cara, eles não vão ser atingidos”, mas ao mesmo tempo, você pensa… “Caramba, essa passou perto… e se…?” Entendem o que eu digo? O roteiro não te deixa margem para sucesso imediato dos nossos heróis. Uma história bem escrita não te entrega nada com facilidade e você sente o perigo zunindo na sua orelha o tempo todo!

A história ainda conta com passagens secretas que dão em um vale secreto onde habitam Chineses e uma plantação de ópio (o verdadeiro motivo do embuste). No final, os vilões tem o que merecem, é claro, mas engana-se quem acha que os vilões são os chineses ou mesmo os Pimas. Sempre tem um peixe grande por trás controlando tudo. Depois que o mistério é revelado, a história passa a ganhar em ação e aventura, que é mais a característica principal de uma história de Tex das boas.

Alguns pontos dessa história (O desespero pelo rio subterrâneo) são tão aflitivos que me toquei de que nunca antes havia visto Tex em situações tão desesperadoras, a ponto de vê-lo dizer “É o fim”, aquela derradeira frase antes da grande viagem. Por essas e outras que eu considero essa história uma das melhores que já li de Tex, até mesmo no rol das melhores entre as escritas pelo Bonelli pai também.

É O FIM

Texto por Conde.

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De vez em quando, um minuteman convidado aparece aqui na Zona Negativa para resenhar um quadrinho, ou para publicar a próxima matéria que irá, por fim, explodir sua cabeça, subverter a realidade e nos levar ao salto quântico para o próximo nível dimensional. Não sabemos exatamente quem são essas pessoas, a não ser que elas abram mão do anonimato e decidam assinar seus verdadeiros (??) nomes ao final do texto. Mas francamente, 'quem' elas são não é o preocupante. Preocupe-se com as palavras delas, que rastejam lentamente para dentro da sua cabeça. Todos são minutemen. Ninguém é minuteman.
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