O nome do livro remete a grandiosidade de um encerramento de um ciclo de história. Alan Moore sabia onde queria chegar desde o início. Como contar uma história da origem de um ser poderoso, utilizando de tecnologia alienígena sem viajar no assunto de modo mais vanguardista possível. O que nós vamos ler nesta parte da história é divagações da mente de um criador de conteúdo em sua concepção mais pura, sem referências, tudo conteúdo tirado do zero (bom, assim eu creio).
O final do Livro 2 mostrou dois seres perseguindo nosso herói como forma de erradicar eles, sem um motivo ainda definido, na primeira edição desse livro, tem-se o confronto e a aparição da Miraclewoman, o equivalente feminino (Dããã). A luta se estende até a edição seguinte, quando é contado a origem da nova heroína enquanto uma trama de fundo se avoluma assustadoramente, é o Kid Miracleman tramando sua volta. Mas é a partir da 3º edição que a coisa fica nebulosa. Eu diria que todo este livro 3 é extremamente verborrágico, são leituras densas carregadas de pensamentos críticos, questionamentos, descrições e um pouco de revisitação do passado. A trama originalmente está no futuro, mas é contada da perspectiva dos eventos que já ocorreram, então, tem um pouco de melancolia envolvida, dado o que aconteceu e que o leitor ainda não está ciente. Pode parecer confuso, mas é entendível, se você ler com calma, pode perceber que algo grande aconteceu, a começar pelo tal Olimpo, uma enorme estrutura por onde Miracleman transita sempre muito contemplativo.
Miracleman e Miraclewoman estão no limiar da evolução da espécie humana, sua existência no planeta, configura que há um outro nível de inteligência e tecnologia que vai mudar o planeta terra para sempre e colocar no mapa das grandes civilizações interplanetária. Os Ferreiros Cósmicos irão ajudar nesse processo (Ahhh Olha eles ai novamente). O casal milagroso agora são agentes dessa mudança e isso precisa ser comunicado ao povo da terra, mas antes, algo muito sombrio vem acontecendo. Kid Miracleman despertou.
Quando seu avatar humano Johnny Bates sofre um abuso sexual de outros meninos, ele não consegue conter a vergonha e a humilhação e evoca a palavra mágica libertando o monstro. O terror desse despertar é denso, está no ar, a começar pela criatura com um olhar maligno.
Eu vou deixar uma página inteira aqui para vocês ver o que é terror de verdade.
Quando Miracleman volta à terra, encontra uma Londres devastada por Kid Miracleman, que estava promovendo o caos afim de chamar a atenção do nosso herói, que nem na Terra estava. Uma luta é deflagrada, em um ato de brilhantismo, Asa Chorn, um dos Ferreiros Cósmicos consegue impingir um duro golpe em Kid Miracleman, que o faz reverter a forma humana como forma de aplacar sua dor. Neste momento Miracleman aparece para aplacar o terror. A cena, é pesada, mas no melhor estilo Alan Moore, fez o que tinha de fazer porque era o certo. A imagem fala por si.
Esta imagem também fala por si. Esta arte do Totleben tornou-se um amalgama do caos, é como se estivéssemos olhando para o inferno. O inferno de Londres.
Após toda essa dificuldade enfrentada, é hora da humanidade evoluir a outros patamares, Miracleman toma o posto de líder mundial, não acima das nações, mas evidentemente controlando as ações em todo o globo, é uma era de tornar a utopia realidade, é um trem de carga que vai atropelar a humanidade para sempre. Essa é a mensagem que Moore deixa para nós leitores. Miracleman, este ser poderoso quando surgem no meio de humanos, é para se tornar o Deus supervisionando o progresso da humanidade do topo do próprio monte Olimpo.
Os extras como sempre são páginas do processo criativo que em nada acrescenta em conteúdo e com exceção das edições 15 e 16, temos histórias antigas escritas por Mick Anglo, o criador do personagem.
Eu vou falar um pouco de Miracleman Anual que também saiu aqui no Brasil, após a conclusão da série. Grant Morrison (A nêmese do Moore), escreveu um one-shot que nunca chegou a ser publicado, Joe Quesada desenhou. Eu entendo o porquê de não ser publicado, pois é uma história fraca de conteúdo. Poderia ser o início de algo grandioso, (Digno do Morrison), mas que como história isolada não foi pra frente. Nesta trama, mostra Kid Miracleman se revoltando contra um padre, que aparentemente fez algo terrível com ele, temos flashes do passado de Johnny Bates nu numa praia, a praia em que aconteceu o tal “Incidente de Outubro: 1966” (O nome da história), mas o que aconteceu, nunca saberemos, só Johnny Bates e o velho padre que foi morto de uma maneira cruel. Nesse aspecto Morrison deu valor a personificação da maldade desenvolvidas por Moore. A outra história, que tem nesta edição, é escrita por Peter Milligan com arte Mike Allred (Bleargh! Apenas engulam), na qual eu achei que fez mais sentido. Tal qual Moore escreveu que Miracleman foi despertando a consciência dos sonhos induzidos de Gargunza, nessa trama, Miracleman e os jovens pupilos estão enfrentando os vilões quando Miracleman se dá conta de que algo está errado, como ausência de sangue ou mortes, por exemplo, uma característica dos quadrinhos da época de ouro, era muito soc, paf, boom e poucas mortes ou nenhum sangue. Peter Milligan trouxe uma dose e realidade ao trazer estes questionamentos e achei bem válido a forma como foi escrito, inclusive ao final da trama, fechando os quadrinhos no olhar de Miracleman, tal qual a série do Moore se iniciou.
É sabido que Neil Gaiman escreveu algumas histórias do personagem, mas que não foi concluída, pois a editora Eclipse na época faliu. Gaiman se incumbiu de dar prosseguimento de onde Moore parou e eu tenho certeza de que ele faria algo digno. Mas isso foi há tento tempo que acho que caiu nos domínios do esquecimento para Gaiman. Hoje a revista encontra-se em poder da Marvel e Gaiman está envolvido com a DC. Talvez quem, sabe no futuro quando Gaiman estiver disponível a Marvel não revisite estas histórias e Gaiman se interesse por finalizar, isso seria incrível para nós leitores e com certeza muito vendável. Então, ainda temos uma esperança… uma tênue esperança.
Texto por Conde.
Panini Editora.
7 Edições finas. Papel Off-set
Preços de Capa: R$ 7,50 (Edições 11-15, 52 Páginas) e R$ 7,90 (Edição 16, 68 Páginas e Anual, 44 Páginas)
Curtiu essa resenha? Então siga essa Zona nas redes sociais e não perca nenhum conteúdo! Textos todas as quartas, quintas e sextas.
Instagram: @zonanegativa2014
Facebook: Zona Negativa
Site: zonanegativa.com.br
Rapaz, nem lembro como achei esse site, mas ótima matéria sobre Miracleman, hq que muita gente não conhece, e é incrível mesmo. Nem lembro a ordem dela,pq li a muito tempo, mas, vou ler de novo e tentar terminar,rs. Abraços.
Muito obrigado! Ficamos contentes pela moral!
Volte sempre!