E chegamos ao último encadernado do run de Jeff Lemire. Esse aqui chegou para salvar todo o material anterior, que se mostrava promissor, mas morno em alguns momentos e bem confuso em outros. O arco começou um tanto quanto zoado demais lá no primeiro encadernado (que corresponde ao volume 4 nesta numeração da Panini), porém aqui no sexto volume tudo se resolve: Lemire explica tudo e amarra as pontas soltas bem a contento. Todos os cenários oníricos pelos quais Marc Spector (e suas múltiplas personalidades) passou, todas as situações surreais, a Nova Iorque invadida pelo antigo Egito nas visões do herói e as verdadeiras intenções de Konshu em relação a Spector desde sua infância… Lemire mandou muito, muito bem nessa mistura de retcon com releitura da origem do Cavaleiro da Lua, incorporando elementos e situações à infância do personagem que o enriqueceram bastante, perigando assim, junto à fase de Warren Ellis – um pouco anterior à do Lemire – serem as melhores histórias já produzidas para o personagem até agora.
Se vocês acharam a história da esquizofrenia de Spector trabalhada pelo Bendis uma boa história, saibam que essa fase consegue ser ainda melhor. Não sou fã incondicional do Lemire, mas reconheço quando ele consegue entregar (mais) uma ótima história, seja ela autoral ou não. Inclusive, o nível de piração em certos momentos do roteiro chega a proporções Morrisonianas aqui, e sem vexame! Claro, guardadas as devidas proporções, mas quem ler vai saber exatamente a que trecho me refiro ;>)
E o Greg Smallwood, um artista que conheci há pouco tempo (na verdade, só do Cavaleiro da Lua mesmo 😂) e já considero pacas? O cara tem um domínio riquíssimo de fisionomias, movimento, cenas de porradaria e consegue criar monstros estranhos baseados no panteão egípcio. O que mais um desenhista de quadrinhos precisa saber??? Sem falar na diagramação de páginas do miserávi, sem linhas restringindo as cenas, quadrinhos abertos mesmo! E dispostos na página como um poema cinético, conduzindo os olhos do leitor pela página magnificamente. Domínio perfeito de cada página, gibi delícia de ler, lek! Ah, e com cores da Jordie “Injection” Bellaire, não posso deixar de mencionar ❤…
Enfim, a resolução de Lemire para o arco pode remeter um pouquinho (ou mais que um pouquinho rs) ao já clássico Clube da Luta, mas digo isso no melhor sentido possível, e as duas últimas páginas da história são CINEMATOGRÁFICAS, e também digo isso no melhor sentido possível! Belo encerramento. Não é todo dia que o leitor dá a sorte de adquirir o último volume de um gibi e não se sente sacaneado ao terminar a última página. Bom, this is your lucky day heheheheheh…
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116 páginas. Capa cartonada.
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