Algumas pessoas dizem que as reações fisiológicas do orgasmo dão a sensação de fazer o mundo parar, nem que seja por um instante. E se fosse realmente possível fazer o tempo congelar ao atingir um orgasmo, como uma espécie de superpoder? É do que se trata Criminosos do Sexo, de Matt Fraction e Chip Zdarsky, publicada no Brasil pela Editora Devir.
O típico ponto de partida de uma história garoto-encontra-garota é subvertido logo de início. Com uma narrativa não linear, situada em três linhas temporais diferentes, os autores apresentam os personagens principais Suzie e Jon, que descobrem suas habilidades ainda na fase da puberdade. Fraction, que nunca foi muito fã de contar histórias lineares, conduz com maestria essa narrativa fragmentada. Ao desenvolver dois personagens excelentes e com muita humanidade, nos conta sobre suas dúvidas, medos, experiências e principalmente como lidaram com seu estranho dom, desde a pré-adolescência confusa, até a fase adulta solitária e de relacionamentos vazios. Tendo Suzie como narradora em primeira pessoa (nos momentos de flashback quebrando a quarta parede e conversando com o leitor), o roteiro elucida a conta gotas o passado de ambos, motivações, como se conheceram e vieram a descobrir que partilhavam da mesma habilidade após transarem e também como se meteram em uma grande enrascada pouco tempo depois disso.
Ao não se verem mais sozinhos na vida pela primeira vez, Suzie e Jon engatam um relacionamento e juntos passam a testar os limites de seus dons e tentar entender as regras desse “mundo congelado e silencioso” onde noções de tempo não existem. Tendo como meta juntar a grana necessária para salvar a biblioteca onde Suzie trabalha de ser tomada por um banco, o casal começa a cometer pequenos delitos como treinamento e preliminares para o grande roubo, pagando a dívida da biblioteca com o banco usando o dinheiro do próprio banco. O plano perfeito, mas dá tudo tremendamente errado. Eles não contavam com a Polícia do Sexo (sim, Fascistas do sexo!)
Criminosos do sexo extrapola o ato sexual como a válvula de escape mais eficaz contra a vida mundana, tendo no orgasmo seu ponto de clímax, além de contar uma história instigante acompanhada de uma arte que tem como qualidade principal a expressividade no traço, transmitindo as emoções dos personagens de forma perfeita, mesmo sem auxílio de diálogos.
Apesar da desnecessária capa dura que só encarece esse belo gibi, a edição da Devir é boa, tem ótimos extras como o argumento de uma hilária radionovela erótica produzida pelos autores para divulgar a revista, etapas de processo criativo e capas variantes. Tá aí uma hq que vamos continuar acompanhando aqui na Zona!
Compila as edições #1 a #5 de Sex Criminals.
136 páginas. Capa dura.
R$64,90 (Haja promoção, porque esse preço é de broxar)
