Resenha Relâmpago: MARTIN MYSTÈRE #10 OS ADORADORES DE KALI

Esta nova história se passa na Índia, mais precisamente em Calcutá, Martin, sua esposa Diana e Java realizam uma viagem para conhecerem o guru espiritual Pandit que é o pai de Surya (para quem não conhece, anos antes Surya sacrificou sua vida para salvar Diana, este acontecimento se encontra nas edições #5 e #¨6 de Martin Mystère da editora Mythos). Acontece que assim como John Constantine e nós da Zona, Martin também tem uma fenomenal capacidade de atrair aventuras insanas para sua vida e seu grupo, algo inusitado acontece ao visitarem Pandit em seu evento, todos são recebidos por uma companhia desagarrável. A partir daí é só desespero e mais mistério, nosso protagonista se vê enrascado num caso envolvendo assassinatos e rituais em nome da renascida seita dos “thugs” (fraternidade secreta de assassinos e ladrões de viajantes que existiu na Índia, segundo relatos a partir do séc XVI. É um ótimo tema pra se estudar, fique a vontade!).

Fato interessante é que agora temos um nova equipe criativa, na verdade a mudança está apenas nos desenhos, os textos ainda são de Paulo Morales, mas a arte fica a cargo de Fabrizio Russo, e olha, está espetacular! A narrativa gráfica de Russo é muito fluída e concisa, tanto o cenário, quanto as expressões corporais e o desenrolar das ações do enredo foram muito bem representados, os desenhos realmente nos fazem emergir nesse mundo. É muito legal ver Martin e sua turma em novo território numa cultura diferente.

Durante a trama também somos apresentados a dois personagens (Josh e Bill) um tanto peculiares, eles trabalham monitorando a quantidade de poluição eletromagnética em Calcutá, e isto está totalmente atrelado aos homicídios que vem ocorrendo na cidade, e no desenrolar da narrativa elementos de computação são introduzidos, e tratando-se de uma história de 2003 é um tema um tanto inovador conflitante com o contexto social daquele momento. De forma sucinta (mas fascinante), Martin Mystère tem essa capacidade em mostrar conceitos ficcionais junto de argumento histórico-científicos, é como explorar a fantasia, mas ainda com um pé no chão, por isto que os eventos convencem.

Outro ponto que achei “ducara…” foi o conflito de ética entre vários personagens, onde muitas vezes a fé é abalada, a injustiça edificada e a facada aplicada (bom, essa parte da facada, como posso dizer…? Ah leia e entenderá, afinal detalhar uma chacina aqui pode tirar a experiência de leitura, ops…). Os personagens questionam o rumo que sua ações tomam, e se tudo também vale a pena. Isto agrega um peso dramático que enriquece ainda mais a história.

“Os Adoradores de Kali” traz um novo ar para a série de Martin Mystère apresentando novos cenários e conflitos interessantes. Mas acredito que o segredo nessa história está nos personagens, não me refiro apenas a Martin e amigos, mas literalmente a todos os envolvidos, até os coadjuvantes, cada um tem a sua importância, é como atores que se dedicam ao seu papel ao máximo e elevam o nível de realidade da obra. Sem dúvidas este quadrinho proporcionará uma ótima experiência de leitura.