Resenha Relâmpago: MONSTRO DO PÂNTANO – RAÍZES DO MAL VOLUME 5

Nesse penúltimo volume do run de Mark Millar a maioria das perguntas que rolavam desde o primeiro encadernado começam a ser respondidas: Quem está por trás da tal invasão interdimensional ao nosso mundo? Por quê os parlamentos elementais estão agregando seus poderes em um único campeão? Qual o objetivo na criação de um multi-elemental? O Monstro do Pântano consegue perceber que está sendo usado como um peão em um grande jogo de xadrez, e parece que, seja agindo ou se recusando a cooperar, ele vai ser o perdedor nos dois desfechos. Para complicar Abby retorna ao pântano, mas a acolhida não é o que ela esperava. O Elemental, agora com os poderes do verde, das águas, das rochas e do ar, começa a ter sua percepção alterada, se equiparando a um deus, e por conta disso, obviamente, perdendo cada vez mais a sua consciência humana… Como isso vai acabar? falta só mais um volume pra descobrirmos.

Mark Millar nunca foi um roteirista genial e completo, mas nessa época, e em particular em Monstro do Pântano, uma palavra o define bem: Esforçado. O Escocês, na época um novato, realmente quer desenvolver uma história que faça justiça ao universo do personagem, e mesmo não sendo claramente a melhor fase de Monstro do Pântano, também não é a pior que o personagem já teve. Apesar dos buracos no caminho (e no roteiro), o final para o qual esse run se encaminha é tão grandioso quanto o de Homem-Animal de Jamie Delano (No encadernado Praga Vermelha, lembram?), eu diria até maior. As capas são do lendário John Totleben. Dispensam elogios. A arte continua por conta de Phil Hester.

A surpresa aqui é a última história do encadernado, “Chester Williams: Policial Americano”, que parece uma história perdida do arco “Rio Acima”, dos volumes anteriores, que tratava de realidades alternativas. Aqui, vemos o hippie Chester Williams, amigo do Elemental, chutando toda a sua ideologia de paz, amor e consciência ambiental para se tornar um conservador extremista, autoritário, intolerante, machista, opressor e… bem, vocês entenderam. A antítese do personagem. 

Millar fez essa história encharcada de sarcasmo em cada balão como uma forma de protesto: A edição saiu em ano eleitoral e essa foi a forma bem humorada e ácida do editorial da Vertigo pedir a seus leitores consciência na hora de votar. Para completar o deboche, o artista convidado é o lendário coroinha boa-praça Curt Swan, a lenda da era de prata, artista clássico de Superman! Sarcasmo à moda Vertigo é assim.

Falem o que quiserem do Millar, pelo menos o rapaz ainda tinha o coração no lugar certo. A história caricaturiza o modo de pensar da extrema direita na época e nos deixa meio tristes em ver que, em pleno 2018, ainda existem pessoas bradando as mesmas besteiras que esse anti-Chester vomita nas 24 páginas da HQ… É, como a gente tanto lê em Homem-Animal e Monstro do Pântano: “A humanidade precisa evoluir urgentemente…”.

Compila as edições #161 a #165 de Swamp Thing.
140 páginas. Capa cartonada.
R$ 21,90.

Eduardo Cruz
Eduardo Cruz é um dos Grandes Antigos da Zona Negativa, ou sejE, um dos membros fundadores, e decidiu criar o blog após uma experiência de quase-vida pela qual passou após se intoxicar com 72 tabletes de vitamina C. Depois disso, desenvolveu a capacidade de ficar até 30 segundos sem respirar debaixo d’água, mas não se gaba disso por aí.

Ele também tem uma superstição relacionada a copos de cerveja cheios e precisa esvaziá-los imediatamente, sofre de crises nervosas por causa da pilha de leitura que só vem aumentando e é um gamer extremamente fiel: Joga os mesmos games de Left For Dead e Call of Duty há quase 4 anos ininterruptos.

Eduardo Cruz vem em dois modos: Boladão de Amor® e Full Pistola®.

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