Resenha Relâmpago: X-MEN EQUIPE VERMELHA – A MÁQUINA DO ÓDIO

Sim, Jean Grey está de volta mais uma vez. Desde que entrou em contato com a força cósmica conhecida como Fênix décadas atrás, morte e renascimento são constantes na vida da personagem. Em 2004, no final de sua fase no título dos mutantes, Grant Morrison matou Jean Grey após ela ser possuída pela Fênix novamente e assim permaneceu até esse novo retorno. Mas nesse tempo a ruiva não foi esquecida e vimos uma versão adolescente trazida para o presente e uma versão maligna de um futuro paralelo nas histórias mais atuais. Isso sem contar o surgimento de Hope Summers e sua similaridade absurda com Jean Grey. Com isso, pode-se dizer que a Marvel não deixou os leitores sentirem tanta falta da mutante telepata. Eis que a minissérie A Ressurreição da Fênix, escrita por Michael Rosenberg concretiza sua volta utilizando todo o background entre Jean e a entidade cósmica de maneira sensível, executando um bom retorno da personagem e descomplicando de vez essa relação conturbada. Depois de uma longa ausência, a telepata de nível ômega não precisa de muito tempo para entender que bastante coisa mudou desde sua morte, além dos X-Men. Um mundo muito mais globalizado, efervescendo em conflitos internos e externos, choques culturais, a escalada do ódio e a falta de empatia entre as pessoas. Com a ausência das principais lideranças mutantes (Xavier, Ciclope e Wolverine estão mortos), Jean Grey decide imediatamente recomeçar a luta por um mundo melhor, em busca do sonho de tempos de paz para humanos e mutantes. E é nesse ponto que a sua equipe vermelha entra em ação.

A equipe criativa do título, o roteirista Tom Taylor e o desenhista Mahmud Asrar não me chamou atenção alguma inicialmente, mas X-men: Equipe Vermelha é um desses títulos que já vem pra cá carregados no hype e criando expectativas nos leitores.
Tom Taylor é bastante feliz em resgatar e atualizar conceitos interessantes da fase Morrison, incluindo a vilã Cassandra Nova e também na escolha incomum dos membros da equipe. Aqui vemos uma Jean Grey utilizando seus poderes mutantes em alto nível e engajada na luta dos direitos mutantes e eliminação de preconceitos, visitando chefes de estado pelo mundo e discursando na ONU. A equipe atua internacionalmente e não titubeia frente a situações de violação de direitos mutantes, o que provoca incidentes diplomáticos e duras consequências. Em meio a essa tarefa nada fácil, Cassandra Nova coloca seus planos em prática na tentativa de eliminar a raça mutante. Entre os acertos do roteiro, destaco a atualização na principal ameaça que todo mutante sempre enfrentou: O ódio. Na era da pós-verdade, tendo as fake news como seu principal produto, a massa manipulada chega facilmente a níveis extremos de ódio contra minorias políticas. Com um cenário desses, pra que gastar tubos de dinheiro construindo robôs gigantes e programá-los para matar mutantes?
Falando em sentinelas, os nano-sentinelas criados na fase Morrison estão ainda mais mortais, não se restringindo a infectar e destruir o sistema imunológico mutante apenas.
O trabalho do desenhista Mahmud Asrar era inédito pra mim. Vi sequências de ação empolgantes, boa narrativa e uma certa dificuldade com rostos e expressões dos personagens em algumas cenas. A arte é competente e não compromete.

A Equipe Vermelha em ação!

Se você fã dos mutantes assim como eu, estava desacreditado com os títulos X devido a pobreza criativa desde Bendis, veja X-men: Equipe Vermelha como uma luz no fim do túnel para o ressurgimento de boas histórias depois de anos de sofrência. Tom Taylor não faz nada mirabolante e ultra inovador, só entrega uma história bem desenvolvida, que carrega a essência do que representa os X-men, dialoga com a atualidade e instiga o leitor a continuar acompanhando. E isso já é um baita motivo pra fazer qualquer fã com o Gene X sorrir.

Jean Grey te dando o papo reto!

Editora Panini
Compila as edições 1-5 de X-men Red e X-men Red Annual 1
Capa cartonada, 156 páginas, R$24,90

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Reinaldo Almeida Jr
Reinaldo Almeida Jr, também conhecido como Ray Junior, é narrador de RPG, leitor inveterado e um apaixonado por quadrinhos que anseia fundar seu próprio clube da luta de cultistas a deuses lovecraftianos, viajar pelo multiverso em busca de suas outras versões de terras paralelas para lhes contar que nada é verdadeiro e tudo é permitido, dando início a revolução invisível que nos elevará a quarta dimensão.

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