Leitura da quarentena #22: JOHN CONSTANTINE: HELLBLAZER – PAPA MIDNITE

Ainda exclusivo aqui no Brasil, o spinoff constantinesco do Papa meia noite chega aqui na Zona Negativa primeiro.

Mais uma vez, fui agraciado pelos deuses (ou por Nergal) em uma feira de livro, dessa vez por uma que está acontecendo na praça Ruy Barbosa, no início do calçadão de Nova Iguaçu. (Ou final. Depende do seu ponto de vista, né?) Estava eu no calçadão para comprar umas coisinhas para a Pietrinha (minha filha, pra quem não sabe), devidamente protegido contra o Coronga Vírus, quando subitamente fui puxado por um vótice espaço/temporal que tirou meus pés do chão e me colocou dentro da feira, em frente aos quadrinhos. Tal fenômeno é conhecido como: “Perdidus na esposis” (em latim).

Diante dessa situação absurda, me restou apenas contemplar aquelas pilhas de celulose superfaturada em busca de algo bacana. Eis que vejo “John Constantine” escrito na capa e reparo que não tenho tal edição. Vi que era do Papa Midnite e pensei comigo mesmo. “Cacete, Panini tá lançando coisa pra c@#@$%*!” Ao ver que sobre o plástico da capa havia um adesivo com o preço de vinte reais não hesitei e comprei na mesma hora. Chegando em casa, e após explicar como fui parar dentro da feira, fui dar aquela espiadinha nas páginas do quadrinho. Nesse momento percebi que a Panini não tinha lançado nada. Era uma edição em inglês. E por vinte conto? Baratinho, né??? Pois é, uma molezinha dessas sempre anima meu dia, então logo comecei a leitura felizão.

Começamos com aquela formula bem clichê, com pouca ou nenhuma surpresa sobre como vai ser a apresentação do protagonista e somos repentinamente jogados de volta no passado sem muitas explicações, sendo apresentados ao passado de Papa Meia Noite. Um passado bem interessante e pesado, que serve de liga para um bom desenvolvimento da história como um todo. Nosso amigo de longa data faz uma aparição tímida na linha do tempo atual, mas nada que mude qualquer coisa, inclusive narrativamente falando.

Papa meia noite sempre foi um personagem enigmático e interessante, mas suas participações nos quadrinhos do Sting sobrenatural sempre foram bem reduzidas e, apesar de importantes para o desenrolar de alguns arcos, bem superficiais. Tudo bem que eu AINDA não li todos os arcos de Hellblazer, mas não sabia várias coisas sobre o personagem. Tanto que muita coisa que descobri ao ler essas páginas de papel jornal muito loucas me pareceu completamente nova, como por exemplo a idade e a imortalidade do personagem título.

Devo confessar que até a metade do segundo capítulo eu tava meio confuso com a cronologia da história e algumas lacunas pareciam muito obscuras, mas isso provavelmente se deve ao fato de eu não conhecer, ou não lembrar muita coisa sobre o personagem. Ou é só uma consequência das idas e vindas desnecessárias do tempo, que mostram o passado e o presente do personagem como se nos fizesse passar da sala para a cozinha e em seguida para a sala novamente. Assim, de forma natural, mas sem muitas explicações ou firulas. Confuso? Sim, mas é até compreensível para uma série mensal. Infelizmente, lendo isso num encadernado o estilo parece não se bastar, parecendo um capricho fútil do editor ou uma forma de não fazer uma história que tem quatro capítulos no passado e o último completamente desconexo se passando no futuro. (às vezes isso rola, mas o público mete o pau. Então deixa quieto).

Apesar do fim abrupto e anticlimático, foi uma HQ bem divertida e legal. Ok, alguns personagens que de início pareciam estar ali para fazer algo útil ou se ferrar por espiar ficaram sem muita função e outros tiveram um destino meio nada a ver, mas que serviram bem para fazer a história progredir e para passar alguns mensagens importantes que precisavam ser abordadas.

Parafraseando Papa Meia Noite, gostaria de fazer uma observação sobre como as religiões de matriz africana são vistas: Se afrodescendentes fazem qualquer coisa, isso é do mal, é ruim. As pessoas vêem o poder e rituais dos Iorubás e logo rotulam isso como “vodu”, ou mesmo “macumba”, mas NUNCA como uma magia legal e colorida como as do Harry Potter, Gandalf, Constantine, Zatanna, Cosmo, Wanda, etc… E ainda tem gente sequelada que fala que não existe racismo estrutural no nosso país ou mesmo no mundo…

Enfiiiim… Leitura obrigatória, mas se você não teve a sorte que eu tive, vai ter que esperar a Panini lançar esse material por aqui. (ou vai ter que se arriscar na pirataria mesmo.).

Texto por João Garaza (instagram: @joaogaraza)
Editora Vertigo.
Compila as edições #1 a #5 de Hellblazer: PAPA MIDNITE
130 páginas. 
Capa cartonada. 
US$:12,99 ou R$:20,00 Na feirinha do mal.
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João Garaza
Bacharel em publicidade, ator, diretor e escritor que não se destaca em nenhuma dessas áreas.
Garaza tem um senso de humor exótico. (Algo entre tio sukita e pessoa que devia estar internada) Começou a ler HQs em 2006 e desde então acumula pilhas e mais pilhas de celulose superfaturada.
Fã do Capitão América, Deadpool, Batman e Lobo. Apreciador de autores e histórias despretensiosos.
Gosta também de passeios ao pôr do sol, andar de mãos dadas e está a procura de um novo amor. Joga a foto pra direita pra gente dar match!
;)

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