MESSIAS DE DUNA, de Frank Herbert, ou “A especiaria tem que fluir!”

“Fazendo uma estimativa conservadora, matei sessenta e um bilhões, esterilizei noventa planetas, desmoralizei completamente outros quinhentos. Eliminei os seguidores de quarenta religiões que existiam.”

Dando continuidade à grande Saga (com “S” maiúsculo mesmo!) de Duna, recebemos o exemplar do segundo volume, Messias de Duna, e como a especiaria precisa continuar fluindo, estamos de volta para continuar a análise dessa epopéia cósmico-feudal-messiânico-futurista aqui na Zona Negativa! Não temos o mau hábito de ficar jogando spoilers aqui, mas nesse caso é inevitável, já que Messias de Duna é continuação direta de Duna. Vamos tentar manter spoilers no mínimo aqui pra preservar todas as boas surpresas do livro. Então sigam em frente por sua conta e risco.

A história desse volume se passa cerca de doze anos após o final de Duna, volume anterior e primeiro de uma série de seis livros. Paul Atreides, ou Paul Muad’Dib, como foi nomeado pelos Fremen, agora é o Imperador do Universo, após um levante dado contra a hegemonia do Imperador anterior. Arrakis se torna a capital do Império e Paul sente, figurativamente, todo o peso da coroa, enfrentando politicagens, intrigas, subornos, chantagens, traições, e para piorar, sua habilidade de visualizar possíveis futuros o tempo todo sempre o levando ao limite da sanidade. Imagine cada ação que você desempenha, cada mínimo gesto, causando milhares de possíveis desdobramentos, e você ser capaz de ver cada possibilidade, uma a uma… É, não é mole ser o Muad’dib, mas alguém precisa fazê-lo! Para complicar ainda mais, vemos o retorno de um personagem dado como morto no volume anterior, alguém com quem Paul tinha um forte laço fraterno, porém agora retornando como um desconhecido, talvez até mesmo como inimigo…

“(…) O poder costuma isolar aqueles que o detêm em demasia. Por fim, acabam perdendo o contato com a realidade… e tombam.”

Por ser a capital do Imperium, o povo de Arrakis, mais especificamente os Fremen, difundem suas crenças religiosas Universo afora, e claro, elas não são bem aceitas por todos. E falando em insatisfeitos, é lógico que existem os descontentes com essa mudança na balança de poder, cuja chave é o controle do Mélange, a substância mais valiosa do Universo. Conspiradores tramam a queda de Paul, e…. será que é por isso que ele anda tendo tantas visões de seus filhos sofrendo de mortes trágicas? para piorar, também surgem visões de um jihad cósmico, um verdadeiro banho de sangue ao redor do Universo, tudo em nome de Muad’Dib, contra aqueles que não aceitam o Imperador-deus de Arrakis. Paul Atreides é escravo da própria lenda que criou em torno de si mesmo, escravo de seu imenso poderio, atrelado ao volátil fervor messiânico. É claro que isso não vai acabar bem. Além disso, mais uma vez vemos o dilema determinismo x causalidade sendo magistralmente trabalhado por Herbert aqui. 

Messias de Duna pode não ter o escopo épico ou as cenas de ação e batalhas intensas do livro anterior, mas as tramas são tão cuidadosamente construídas aqui que a sensação que fica é de esse segundo volume ser uma espécie de prelúdio para o próximo volume da saga, dada a quantidade de situações orquestradas e pontas soltas deixadas aqui e que se encaminham para a sequência, e também por uma tensão crescente ao longo do livro, que prenuncia que algo catastrófico vai acontecer a qualquer momento. O primeiro livro foi ótimo por motivos diferentes, mas este não fica devendo em nada. Então, lá vamos nós FRENETICAMENTE direto para o próximo volume… Até a resenha de Filhos de Duna, por Matheus Martiniano!

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Eduardo Cruz
Eduardo Cruz é um dos Grandes Antigos da Zona Negativa, ou sejE, um dos membros fundadores, e decidiu criar o blog após uma experiência de quase-vida pela qual passou após se intoxicar com 72 tabletes de vitamina C. Depois disso, desenvolveu a capacidade de ficar até 30 segundos sem respirar debaixo d’água, mas não se gaba disso por aí.

Ele também tem uma superstição relacionada a copos de cerveja cheios e precisa esvaziá-los imediatamente, sofre de crises nervosas por causa da pilha de leitura que só vem aumentando e é um gamer extremamente fiel: Joga os mesmos games de Left For Dead e Call of Duty há quase 4 anos ininterruptos.

Eduardo Cruz vem em dois modos: Boladão de Amor® e Full Pistola®.

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