Resenha Relâmpago: DYLAN DOG #8 – A BATIDA DO TEMPO

Ao me deparar com o título desta edição, já me imaginei escorregando pelas páginas numa aventura similar ao filme “De volta para o futuro” ou algo do tipo, mas minha expectativa foi completamente quebrada e superada. Ao invés de ter uma experiência com sabor “Robert Zemeckis”, minhas papilas gustativas visuais tiveram o prazer de contemplar pitadas generosas de “J. M. Barrie”, autor de Peter Pan (Relaxa, eu também não sabia o nome e fui olhar no Google), e o resultado não poderia ter sido melhor, pois a forma que os personagens de “Peter Pan” e “Dylan Dog” foram costurados e trabalhados em cima do tema foi tão primorosa que fez ser bem difícil terminar de ler a HQ sem imaginar esses universos mesclados em outras possibilidades.

Sua história consegue mesclar de forma genial um tom leve de comédia com temas pesados como assassinato, estupro e outras coisas, sem que uma coisa deixasse a outra com um tom errado ou inapropriado.  De maneira a se tornar das histórias mais despretensiosas e ao mesmo tempo com mais suspense que já li em minha vida. Com um enredo que estranhamente consegue trazer suspense e comédia em doses igualmente cavalares, o quadrinho é capaz de prender o leitor do início ao fim, o presenteando com um final emocionante e divertido. Na trama, somos apresentados a uma série de assassinatos com duas coisas em comum, todas as vítimas são garotos jovens e todos morrem em decorrência de execuções ou torturas típicas de piratas. Para acrescentar tons de mistério, um velho que se diz ex-braço direito do capitão gancho pede ajuda a Dylan para resolver o caso. (E tirar o seu da reta.)

 Infelizmente esse trabalho do italiano Michele Medda demorou exatos 19 anos e 10 meses para chegar nas mãos do leitor brasileiro. Por sorte o tema e a forma como a história fora elaborada, faz o material não se tornar defasado. Fazendo com que essa edição seja uma boa porta de entrada para o mundo das fumetti (Não é fumetti alchemist, apesar de parecer. Juro que não é!) mesmo não sendo a “número 1”, pois diferente das suas primas comics estadunidenses, as italianas são mais independentes e fechadas de uma edição para a outra. O que pode não ser tão convidativo é o preço, que acaba sendo um pouco mais alto que o tradicional por conta da tiragem menor com a qual, a editora Mythos trabalha. Então se você estiver com bala na agulha, vale a pena se aventurar nas HQs italianas através desse misterioso mundo de Dylan Dog, com suas piadas mais sutis que o tradicional, um ritmo gostoso de leitura e com certas passagens tão interessantes que vão te obrigar a voltar algumas páginas só pra conferir de novo.

PS: Gostaria de dizer que a Mythos, mesmo com esse nome que a aproxima de um tal mito aí, é linda e xeroza e eu quero que ela me envie o omnibus do Hellboy pra eu resenhar, talkey? Paz!

Texto por João Garaza (instagram: @joaogaraza)

Editora Mythos.
Compila a edição #154 de Dylan Dog.
100 páginas.
Capa cartonada, P&B
R$26,90

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João Garaza
Bacharel em publicidade, ator, diretor e escritor que não se destaca em nenhuma dessas áreas.
Garaza tem um senso de humor exótico. (Algo entre tio sukita e pessoa que devia estar internada) Começou a ler HQs em 2006 e desde então acumula pilhas e mais pilhas de celulose superfaturada.
Fã do Capitão América, Deadpool, Batman e Lobo. Apreciador de autores e histórias despretensiosos.
Gosta também de passeios ao pôr do sol, andar de mãos dadas e está a procura de um novo amor. Joga a foto pra direita pra gente dar match!
;)

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